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São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2003

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JUSTIÇA

Cadáver de recém-nascido desapareceu do necrotério

Unicamp é condenada a indenizar pais de bebê por sumiço de corpo

FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

A Justiça de Campinas condenou a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) a pagar R$ 151 mil de indenização por danos morais pelo desaparecimento do cadáver de um recém-nascido do necrotério do Hospital de Clínicas da universidade. A Unicamp informou, por meio de nota, que vai recorrer da sentença.
Em julho de 2000, o garçom Edvaldo Gonçalves Ferreira, 33, e sua mulher, Adriana da Silva Costa, 24, não conseguiram sepultar a filha Vitória, que nasceu após cinco meses de gestação e morreu com dois dias de vida. Eles também não receberam o atestado de óbito e não viram a filha morta.
O casal registrou o boletim de ocorrência após ser informado, três dias após morte, que o corpo não havia sido encontrado. O aviso veio quando eles esperavam pelo corpo, já no cemitério de Hortolândia, onde moram, com os preparativos para o funeral.
Na época, o hospital chegou a abrir uma sindicância para averiguar o paradeiro do corpo. Foram feitos pedidos de exumação dos cadáveres que estavam no necrotério no mesmo dia da morte da menina para checar se o bebê, que pesava somente 560 g, teria sido sepultado junto a outro corpo.
O corpo de uma mulher em Americana foi exumado, mas nada foi encontrado. A Polícia Civil arquivou o inquérito que investigava o caso, pois não conseguiu apontar o nome de um culpado.
O advogado do casal, Maurício Beltramelli, disse que a ação pedia uma indenização de R$ 3,6 milhões. "Apurei que o valor poderia ser pedido unindo artigos do Código Penal ao sistema de multas do Código Civil. Mais que indenizar a família, o valor foi pedido para penalizar a Unicamp, uma instituição em que a sociedade confia."
"Para mim é um mistério até hoje. Somente Deus para explicar. Não esqueci o rosto dela, penso todos os dias. Às vezes penso que ela pode estar viva", disse o pai da menina. "Dinheiro não é tudo. Mas esse valor é pouco para uma punição para a Unicamp."
O casal atualmente tem uma filha, com oito meses, a primeira após a morte de Vitória.


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