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JUSTIÇA
Cadáver de recém-nascido desapareceu do necrotério
Unicamp é condenada a indenizar pais de bebê por sumiço de corpo
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A Justiça de Campinas condenou a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) a pagar
R$ 151 mil de indenização por danos morais pelo desaparecimento
do cadáver de um recém-nascido
do necrotério do Hospital de Clínicas da universidade. A Unicamp informou, por meio de nota, que vai recorrer da sentença.
Em julho de 2000, o garçom Edvaldo Gonçalves Ferreira, 33, e
sua mulher, Adriana da Silva Costa, 24, não conseguiram sepultar a
filha Vitória, que nasceu após cinco meses de gestação e morreu
com dois dias de vida. Eles também não receberam o atestado de
óbito e não viram a filha morta.
O casal registrou o boletim de
ocorrência após ser informado,
três dias após morte, que o corpo
não havia sido encontrado. O aviso veio quando eles esperavam
pelo corpo, já no cemitério de
Hortolândia, onde moram, com
os preparativos para o funeral.
Na época, o hospital chegou a
abrir uma sindicância para averiguar o paradeiro do corpo. Foram
feitos pedidos de exumação dos
cadáveres que estavam no necrotério no mesmo dia da morte da
menina para checar se o bebê, que
pesava somente 560 g, teria sido
sepultado junto a outro corpo.
O corpo de uma mulher em
Americana foi exumado, mas nada foi encontrado. A Polícia Civil
arquivou o inquérito que investigava o caso, pois não conseguiu
apontar o nome de um culpado.
O advogado do casal, Maurício
Beltramelli, disse que a ação pedia
uma indenização de R$ 3,6 milhões. "Apurei que o valor poderia ser pedido unindo artigos do
Código Penal ao sistema de multas do Código Civil. Mais que indenizar a família, o valor foi pedido para penalizar a Unicamp,
uma instituição em que a sociedade confia."
"Para mim é um mistério até
hoje. Somente Deus para explicar.
Não esqueci o rosto dela, penso
todos os dias. Às vezes penso que
ela pode estar viva", disse o pai da
menina. "Dinheiro não é tudo.
Mas esse valor é pouco para uma
punição para a Unicamp."
O casal atualmente tem uma filha, com oito meses, a primeira
após a morte de Vitória.
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