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ENTRE TUCANOS
Parecer da gestão Serra cobra do governo Alckmin a criação de quatro parques como contrapartida ambiental
Prefeitura exige compensação por Rodoanel
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um parecer técnico da gestão
José Serra (PSDB) exige maiores
compensações ambientais para a
cidade de São Paulo pela construção do trecho sul do Rodoanel e
cobra do governo tucano de Geraldo Alckmin estudos mais aprofundados sobre os impactos da
obra no município.
Os pedidos podem fazer a construção atrasar ainda mais e ter seu
custo elevado. O início das obras
estava previsto para junho, mas
como a Dersa (estatal que administra estradas) precisa fazer análises complementares sobre as
conseqüências a pedido do Ibama, a rodovia não deve sair do papel antes de novembro.
O parecer pode também gerar
mal-estar entre o governador
paulista e o prefeito, ambos cotados no PSDB como possíveis candidatos à Presidência em 2006.
Para compensar os impactos
ambientais da construção do trecho sul do Rodoanel Mário Covas, a Secretaria Municipal do
Verde e do Meio Ambiente quer a
criação de quatro parques nas
áreas de mananciais.
Também cobra a implantação
de uma "estrada-parque" -faixa
de até 300 metros no entorno da
rodovia que faria a ligação entre
as unidades de conservação.
A requisição foi feita em parecer
técnico elaborado por um grupo
de trabalho criado na secretaria
em março deste ano. A prefeitura
contou com a parceria do ISA
(Instituto Sociambiental) na elaboração dos estudos.
A manifestação da cidade é necessária para a Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A.) obter a
licença prévia desse trecho do Rodoanel. "Essa é a segunda obra
mais importante do Brasil, atrás
apenas da transposição do São
Francisco. Quero ter segurança de
que vai se ter mais cuidado do que
no trecho oeste. E o mínimo que
uma secretaria do meio ambiente
responsável pode fazer é exigir
uma compensação ambiental
mais generosa", afirmou o secretário do Verde, Eduardo Jorge.
Até agora, o trecho oeste foi o
único do Rodoanel já entregue e o
trecho sul será o próximo.
A Dersa propôs como compensação ambiental fazer plantio de
vegetação numa área total de
1.016 hectares -haverá desmatamento de 508 hectares. Mas a secretaria diz não ter um local público que permita o plantio contínuo, o que seria o ideal. A compensação também não surtiria o
efeito desejado se fosse feito em
outra área do município.
Segundo a secretaria, o Estudo
de Impacto Ambiental do trecho
sul do Rodoanel prevê a criação
de dois parques na região de mananciais. O problema apontado
pela equipe, entretanto, é o fato de
o estudo não prever quem seria o
gestor das áreas e também não estimar os recursos necessários para a implantação das unidades de
conservação.
Ocupação
Eduardo Jorge requisitou também que seja analisada mais profundamente a questão da indução
à ocupação na região de mananciais do município. O Rodoanel
terá influência direta em 6.211
hectares ou 4% de todo o território paulistano.
Uma maior ocupação dessa
área seria "desastrosa" para a cidade, de acordo com o secretário,
porque agravaria ainda mais o
problema da produção de água. O
ideal é que as áreas de proteção
aos mananciais sejam pouco ocupadas e impermeabilizadas.
"Passaremos de cerca de 20 núcleos de ocupação no trecho oeste
para mais de 90 com os do trecho
sul. A exemplo do que já está
ocorrendo, os moradores vão fazer pressão por acessos à rodovia", disse Marussia Whately,
coordenadora do Programa Mananciais do ISA.
Ela acredita ser necessário avaliar as conseqüências da criação
de novos acessos ao Rodoanel, como na estrada de Parelheiros. E
também analisar medidas para
evitar que haja um impacto negativo para saber se são viáveis.
Segundo João Whitaker, professor da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de
São Paulo, o estudo matemático
da Dersa de que não vai haver
adensamento populacional no
trecho sul do ponto de vista urbanístico é uma "aberração".
"A infra-estrutura urbana gera a
atração. Mas no trecho oeste os
impactos são mais aceitáveis, porque se trata de uma região de expansão da cidade. No trecho sul, a
situação é bem mais delicada",
afirmou Whitaker.
Em estudo preliminar dos impactos urbanísticos do trecho oeste, ele ressalta que ocorreram falhas para evitar danos ambientais
e também para compensar os
problemas causados. "A revegetação não utilizou vegetação nativa,
na faixa de domínio [do Rodoanel] foram observados desmoronamentos de terra e a fiscalização
não consegue controlar os acessos
informais", disse.
Eduardo Jorge pede ainda que
seja analisado e apresentado um
novo traçado para o trecho, mais
ao norte do atual, que pode ter
menor impacto ambiental.
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