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ENGENHARIA DO CRIME
Só 3,6% dos R$ 165 milhões levados da caixa-forte de Fortaleza foram recuperados; PF prendeu 3 suspeitos
Furto milionário ao BC faz 1 mês sem solução
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
Um mês depois do maior assalto a banco da história do país, à
caixa-forte do Banco Central em
Fortaleza, quase todo o dinheiro
continua desaparecido, e os responsáveis pelo furto ainda não foram encontrados pela polícia.
Dos R$ 164,8 milhões em cédulas de R$ 50 furtados, R$ 6 milhões voltaram aos cofres públicos, 3,64% do total. Os outros R$
158,8 milhões podem estar em
qualquer lugar, inclusive no mercado financeiro nacional, já que
as cédulas eram antigas e não havia controle nenhum sobre elas.
Hoje, o TRF (Tribunal Regional
Federal) da 5ª Região, em Recife,
decide se concede o habeas corpus a três presos no caso, os empresários José Charles Machado
de Moraes, José Elizomartes Fernandes e Demerval Fernandes.
O primeiro foi preso transportando em um caminhão-cegonha
três veículos que escondiam R$ 5
milhões. Os outros dois, irmãos,
são donos da Brilhe Car, onde a
quadrilha comprou, com dinheiro furtado, dez veículos por R$
980 mil. O dinheiro foi devolvido.
Logo nos primeiros dias de investigação, a Polícia Federal informou que divulgaria retratos falados de suspeitos e que estava perto de prendê-los. Isso não aconteceu, mas foram feitos quatro pedidos de prisão preventiva.
Para o delegado Eliomar de Lima Júnior, um dos responsáveis
pelas investigações, a imprensa
"atrapalhou" as investigações "ao
querer pautar a polícia" com informações que não eram divulgadas oficialmente. Agora, o caso
está sob sigilo absoluto.
Entre as notícias divulgadas e
que não chegaram a ser confirmadas pela PF está a de que há imagens de câmeras do aeroporto de
Fortaleza que mostram suspeitos
junto com Demerval Fernandes.
Segundo a Folha apurou, dez
homens viajaram para São Paulo
pela TAM e compraram as passagens com dinheiro, em notas de
R$ 50, no sábado, dia 7 de agosto,
pela manhã. O furto à caixa-forte
do Banco Central aconteceu entre
a noite da sexta-feira, dia 6, e a
manhã daquele sábado.
Habeas corpus
Os advogados dos três empresários que continuam presos acusados de participar do furto ao Banco Central tentam hoje conseguir
um habeas corpus no TRF (Tribunal Regional Federal) da 5ª Região, em Recife, para libertá-los.
A advogada de José Charles de
Moraes, Erbênia Rodrigues, afirmou ontem que não tem tido informações sobre o inquérito e que
o cliente mantém a versão de que
não tem nada a ver com o crime.
Moraes diz que conheceu um
homem que se apresentou como
o empresário paulista Paulo Sérgio de Souza, interessado em
comprar carros no Ceará. Segundo a advogada, Moraes apresentou o homem aos donos da Brilhe
Car e, em seguida, transportou os
veículos, sem saber que havia dinheiro escondido dentro deles.
Na tarde de ontem, a Folha procurou os advogados dos donos da
Brilhe Car, José Elizomartes Fernandes e Demerval Fernandes,
mas eles estavam com o celular
desligado. Em outros momentos,
eles afirmaram que o pagamento
dos veículos em dinheiro foi feito
por Moraes, que é um cliente da
revenda. Os advogados de Demerval questionam as imagens
no aeroporto, e alegam que o empresário estava no interior no dia.
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