São Paulo, terça-feira, 06 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENGENHARIA DO CRIME

Só 3,6% dos R$ 165 milhões levados da caixa-forte de Fortaleza foram recuperados; PF prendeu 3 suspeitos

Furto milionário ao BC faz 1 mês sem solução

KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

Um mês depois do maior assalto a banco da história do país, à caixa-forte do Banco Central em Fortaleza, quase todo o dinheiro continua desaparecido, e os responsáveis pelo furto ainda não foram encontrados pela polícia.
Dos R$ 164,8 milhões em cédulas de R$ 50 furtados, R$ 6 milhões voltaram aos cofres públicos, 3,64% do total. Os outros R$ 158,8 milhões podem estar em qualquer lugar, inclusive no mercado financeiro nacional, já que as cédulas eram antigas e não havia controle nenhum sobre elas.
Hoje, o TRF (Tribunal Regional Federal) da 5ª Região, em Recife, decide se concede o habeas corpus a três presos no caso, os empresários José Charles Machado de Moraes, José Elizomartes Fernandes e Demerval Fernandes.
O primeiro foi preso transportando em um caminhão-cegonha três veículos que escondiam R$ 5 milhões. Os outros dois, irmãos, são donos da Brilhe Car, onde a quadrilha comprou, com dinheiro furtado, dez veículos por R$ 980 mil. O dinheiro foi devolvido.
Logo nos primeiros dias de investigação, a Polícia Federal informou que divulgaria retratos falados de suspeitos e que estava perto de prendê-los. Isso não aconteceu, mas foram feitos quatro pedidos de prisão preventiva.
Para o delegado Eliomar de Lima Júnior, um dos responsáveis pelas investigações, a imprensa "atrapalhou" as investigações "ao querer pautar a polícia" com informações que não eram divulgadas oficialmente. Agora, o caso está sob sigilo absoluto.
Entre as notícias divulgadas e que não chegaram a ser confirmadas pela PF está a de que há imagens de câmeras do aeroporto de Fortaleza que mostram suspeitos junto com Demerval Fernandes.
Segundo a Folha apurou, dez homens viajaram para São Paulo pela TAM e compraram as passagens com dinheiro, em notas de R$ 50, no sábado, dia 7 de agosto, pela manhã. O furto à caixa-forte do Banco Central aconteceu entre a noite da sexta-feira, dia 6, e a manhã daquele sábado.

Habeas corpus
Os advogados dos três empresários que continuam presos acusados de participar do furto ao Banco Central tentam hoje conseguir um habeas corpus no TRF (Tribunal Regional Federal) da 5ª Região, em Recife, para libertá-los.
A advogada de José Charles de Moraes, Erbênia Rodrigues, afirmou ontem que não tem tido informações sobre o inquérito e que o cliente mantém a versão de que não tem nada a ver com o crime.
Moraes diz que conheceu um homem que se apresentou como o empresário paulista Paulo Sérgio de Souza, interessado em comprar carros no Ceará. Segundo a advogada, Moraes apresentou o homem aos donos da Brilhe Car e, em seguida, transportou os veículos, sem saber que havia dinheiro escondido dentro deles.
Na tarde de ontem, a Folha procurou os advogados dos donos da Brilhe Car, José Elizomartes Fernandes e Demerval Fernandes, mas eles estavam com o celular desligado. Em outros momentos, eles afirmaram que o pagamento dos veículos em dinheiro foi feito por Moraes, que é um cliente da revenda. Os advogados de Demerval questionam as imagens no aeroporto, e alegam que o empresário estava no interior no dia.


Texto Anterior: Panorâmica - Ibirapuera: Recomeça obra de restauração do Obelisco
Próximo Texto: Banco prepara reforma em caixa-forte
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.