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EDUCAÇÃO
Para poder exercer a profissão, formados nessas áreas devem enfrentar outros filtros, como o exame da OAB
"2º vestibular" barra médicos e advogados
BRUNO LIMA
DAGUITO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL
Em duas das carreiras mais concorridas no vestibular -direito e
medicina-, depois da conquista
do diploma, outros "filtros" dificultam o exercício da profissão.
Quem se forma em direito só recebe o título de advogado depois
da aprovação no exame da OAB
(Ordem dos Advogados do Brasil). Na prova realizada em abril
deste ano pela OAB-SP, 81% dos
14.221 inscritos foram reprovados. Foi o pior índice de aprovação desde que o exame foi instituído, em 1973. Em São Paulo, a
OAB aplica três exames por ano.
A formação em medicina possibilita que o profissional exerça todas as funções da carreira. No entanto, o mercado de trabalho
-sobretudo grandes hospitais e
convênios de saúde- exige especialização ou residência médica.
De acordo com a Associação
Médica Brasileira (AMB), apenas
50% dos cerca de 248 mil médicos
em atividade hoje no país têm títulos de especialista e residência.
Apenas 78% dos médicos têm
acesso a programas de residência.
Segundo o secretário da Educação Superior do MEC (Ministério
da Educação), Francisco César de
Sá Barreto, cabe a cada categoria
decidir se deve selecionar seus
profissionais após a graduação.
"Não creio que o MEC tenha de
controlar o mercado e dizer à
OAB, por exemplo, que relaxe em
seu exame para permitir um
maior número de advogados."
Qualidade
Dos 57 pedidos de autorização
para abertura de curso de direito
feitos no país ano passado, 15 foram aceitos, de acordo com o
MEC. No Estado, teriam sido 15
pedidos, dois aceitos. Em medicina, ainda segundo o MEC, quatro
pedidos foram feitos no país em
2001, nenhum deles concedido.
Em 2000, no entanto, teriam sido
três pedidos, todos aceitos.
"O sistema é rígido. Tanto na
medicina quanto no direito as autorizações de curso são inferiores
a 20% dos pedidos", afirma Sá
Barreto. Para a concessão da autorização, são avaliados infra-estrutura, corpo docente e projeto
pedagógico da instituição. Para
medicina, é necessário um parecer do Conselho Nacional de Saúde e, no caso de direito, da OAB.
Para o presidente nacional da
OAB, Rubens Approbato, a existência de cursinhos para o exame
é a prova de que há muitos cursos
ruins. "Isso é preocupante. O ensino jurídico está diretamente ligado a um dos poderes da República. Enfraquecendo-o, enfraqueceremos a democracia."
No Provão, direito é avaliado
desde 96, e medicina, desde 99.
Ambas as provas têm questões
discursivas e testes de múltipla escolha. Em 2001, cinco cursos de
medicina e cinco de direito receberam nota A no Estado.
Além do Provão, as faculdades
de medicina foram avaliadas pela
Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino
Médico (Cinaem). Composta por
representantes de órgãos como a
AMB e o Conselho Federal de Medicina, a Cinaem analisou 97%
dos cursos ao longo dos anos 90,
classificou a maioria como medíocre e detectou alunos que ignoravam procedimentos básicos
de atendimento. Não foi divulgado ranking. O "diagnóstico" foi
entregue a cada instituição.
A Cinaem elaborou uma proposta para mudar currículos.
"Queremos habilidades mais sólidas, não apenas as técnicas, mas
também habilidades sociais", diz
a presidente da comissão, a médica Regina Stella. No fim deste
mês, 20 escolas entre 47 pré-selecionadas serão escolhidas para
implantar o novo modelo.
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