São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2005

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CASO DETRAN

Órgão de combate à lavagem de dinheiro busca contas no exterior

Empresário de placas é investigado

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REDAÇÃO


O órgão de combate à lavagem de dinheiro do Ministério da Justiça investiga o empresário Humberto Verre, dono da Casa Verre, de São Paulo, uma das duas empresas que fazem, sem qualquer controle, os serviços de emplacamento de veículos para o governo Geraldo Alckmin (PSDB).
O caso é mantido sob sigilo pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional, que tem como principal objetivo garantir a eficácia do combate à lavagem de dinheiro. Além de promover a cooperação jurídica internacional para estrangular o financiamento das atividades criminosas.
A reportagem verificou que os registros do antigo banco MTB, de Nova York, atribuem a Verre e a sua mulher, Heloísa, uma conta no banco Home Savings of America, de Miami. A conta teria recebido US$ 100 mil (R$ 220 mil) da offshore Kundo, que tinha depósitos no MTB. As remessas foram em junho e outubro de 97.
A Kundo, nas Ilhas Virgens, no Caribe, um paraíso fiscal, era tocada pelo doleiro Alberto Youssef, preso por sonegação.
Os arquivos do MTB foram obtidos pela CPI do Banestado e estão sendo usados por uma força-tarefa de procuradores, policiais e fiscais da Receita. As movimentações suspeitas ocorriam à revelia das autoridades americanas, que informaram o Brasil.
Em nota, o advogado de Verre, Ricardo Arruda Filho, afirma que "Humberto Verre e sua mulher não possuem depósitos, investimentos ou aplicações no exterior e desconhecem a existência de qualquer movimentação financeira em seu nome realizada fora dos ditames legais". Ainda segundo Arruda Filho, "não conhecem, também, o teor dos relatórios da CPI do Banestado, mas têm ciência, pelo que se publicou em jornais e revistas da época, do envolvimento de vários nomes nessas listas, sem maiores cuidados ou provas, o que certamente gera danos e prejuízos indesejáveis."
A empresa de Verre, que doou R$ 4.000 à campanha do governador em 2002, tem ao lado da fornecedora Comepla o controle dos serviços de emplacamento no Estado sem contrato, situação que perdura nos últimos três anos. Há sete anos não ocorrem licitações.
O Tribunal de Contas do Estado apontou também que as empresas recolhem diretamente as taxas pagas pelos cidadãos, quando os recursos deveriam ir ao Estado e só então repassados aos empresários. Para o tribunal, a situação caracteriza "evasão de receitas".
O Detran (Departamento Estadual de Trânsito) disse não saber quantas placas são vendidas pelas empresas. O governo firmou um termo de ajustamento de conduta com o Ministério Público, que prevê o lançamento de uma nova licitação para os serviços.
A Secretaria da Segurança Pública informou desconhecer as investigações sobre Verre. (FABIANE LEITE, RUBENS VALENTE e JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)

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