São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2011

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GEORGES MATAR (1924-2011)

Sírio que fazia camisas sob medida

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Um freguês de Georges Matar certa vez lhe encomendou seis camisas. Quando ficaram prontas, o cliente as deu de presente para um amigo: o então presidente da República João Baptista Figueiredo.
Na oficina do camiseiro, as costureiras enchiam-se de orgulho por terem trabalhado na peça usada pelo político.
Georges nasceu na cidade de Homs, na Síria. Em 1929, aos cinco anos, veio com a família para o Brasil. Seu pai, comerciante de tecidos, abriu um negócio na Água Branca, na zona oeste de São Paulo.
Quando o pai vendeu a loja, Georges e mais dois irmãos montaram uma empresa de tecidos. Nessa época, aprendeu sozinho a fazer camisas.
Tudo começou quando decidiu criar gorros para o pessoal do clube de futebol do qual era diretor. Deu tão certo que, no ano seguinte, fez camisas. E não parou mais.
Em 1955, a sociedade com os irmãos terminou, e ele abriu uma oficina na rua Cavalheiro Basílio Jafet, na região central. Depois, migrou para o nº 2.875 da Augusta.
Como cobrava preços salgados para as camisas, calções e pijamas que fazia sob medida, a clientela era rica -tinha gente de prestígio na comunidade síria, e muitos eram diretores de banco.
Aos fins de semana, ia ao clube sírio jogar futebol, que adorava. Era corintiano.
Parou há poucos anos de trabalhar por problemas de saúde. Sofria de Alzheimer e, nos últimos tempos, esteve numa casa de repouso. Pedia que lhe dessem coisas que pudesse cortar, sinal da paixão que sentia por seu ofício.
Morreu na sexta, aos 87, de falência de órgãos. Casado com Thereza, teve um filho.

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