São Paulo, segunda-feira, 06 de novembro de 2006

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Volta do feriado é normal nos aeroportos

Esquema preparado pela Aeronáutica funcionou; houve atrasos comuns para um dia com movimento maior do que o de costume

Até médicos foram levados para os centros de controle de tráfego aéreo para eventualmente atender os controladores de vôos

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O esquema preparado pela Aeronáutica para a volta do feriadão de Finados funcionou e a situação nos aeroportos do país foi tranqüila ontem, até o início da noite, com atrasos considerados "normais" -em Cumbica (SP), por exemplo, atraso normal em volta de feriado significa uma demora média de 55 minutos.
Diante da decisão dos controladores de Brasília de manterem a operação-padrão, a Aeronáutica cassou folgas, desviou rotas de aeronaves que sobrevoavam o Distrito Federal e proibiu a decolagem de jatos e aviões particulares nos horários de pico. Profissionais de outras regiões também foram deslocados para a região.
O Comando da Aeronáutica colocou até médicos nos centros de controle de tráfego aéreo para eventualmente atender os controladores de vôos.
No começo da tarde de ontem, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno telefono ao ministro da Defesa, Waldir Pires, para tranquilizá-lo, informando-lhe que a situação nos aeroportos era de absoluta normalidade.
Situação bem diferente da verificada na quinta-feira, pior dia da crise, quando 600 vôos tiveram atrasos superiores a quatro horas.
Segundo informações da Globonews, balanço divulgado pela Infraero em Brasília aponta que, em razão da operação-padrão, 35% das viagens (5.145) sofreram atrasos significativos -superiores a 25 minutos- de 25 de outubro a anteontem.
No mesmo período, segundo o balanço, 8% dos vôos foram cancelados (1.176) -os altos índices são inéditos no país.
A operação-padrão foi instituída após o acidente da Gol -que matou 154 pessoas- e o afastamento de 18 profissionais do setor -em razão da investigação da tragédia e por pedidos de licença médica.
Os controladores passaram a observar com rigor as recomendações internacionais de segurança segundo as quais cada um deve vigiar no máximo 14 aeronaves simultaneamente, e não 20 como ocorria anteriormente, -o que exige intervalos maiores entre os vôos.
A situação nos aeroportos começou a melhorar somente na sexta-feira, após a adoção das medidas de emergência e de o governo negociar com os controladores de vôos -cuja maioria é de militares- e ter prometido contratar mais pessoas, além de analisar um reajuste salarial -hoje, em média, cada profissional ganha R$ 2.000.
A negociação realizada pelos ministérios da Defesa e do Trabalho causou um mal-estar na Aeronáutica, que a considerou como um incentivo "a anarquia" por abrir "grave precedente" -a hierarquia militar não teria sido respeitada (a maioria dos controladores são sargentos e a negociação foi feita por ministros).
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, que não teria gostado das negociações, acompanhou ontem de sua residência, em Brasília, as operações de controle do tráfego aéreo no Brasil.
Segundo a assessoria de comunicação da Aeronáutica, Bueno manteve contato com todas as centrais de tráfego do país. A Aeronáutica negou que Bueno tivesse a intenção de passar o dia de ontem no Cindacta-1 a fim de acompanhar, pessoalmente, as operações para manter a normalidade do tráfego aéreo. Segundo o centro de comunicação social, a agenda de Bueno só previa que ele permaneceria em casa.


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