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Volta do feriado é normal nos aeroportos
Esquema preparado pela Aeronáutica funcionou; houve atrasos comuns para um dia com movimento maior do que o de costume
Até médicos foram levados para os centros de controle de tráfego aéreo para eventualmente atender os controladores de vôos
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O esquema preparado pela
Aeronáutica para a volta do feriadão de Finados funcionou e
a situação nos aeroportos do
país foi tranqüila ontem, até o
início da noite, com atrasos
considerados "normais" -em
Cumbica (SP), por exemplo,
atraso normal em volta de feriado significa uma demora
média de 55 minutos.
Diante da decisão dos controladores de Brasília de manterem a operação-padrão, a Aeronáutica cassou folgas, desviou rotas de aeronaves que sobrevoavam o Distrito Federal e
proibiu a decolagem de jatos e
aviões particulares nos horários de pico. Profissionais de
outras regiões também foram
deslocados para a região.
O Comando da Aeronáutica
colocou até médicos nos centros de controle de tráfego aéreo para eventualmente atender os controladores de vôos.
No começo da tarde de ontem, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos
Bueno telefono ao ministro da
Defesa, Waldir Pires, para tranquilizá-lo, informando-lhe que
a situação nos aeroportos era
de absoluta normalidade.
Situação bem diferente da
verificada na quinta-feira, pior
dia da crise, quando 600 vôos
tiveram atrasos superiores a
quatro horas.
Segundo informações da
Globonews, balanço divulgado
pela Infraero em Brasília aponta que, em razão da operação-padrão, 35% das viagens (5.145)
sofreram atrasos significativos
-superiores a 25 minutos- de
25 de outubro a anteontem.
No mesmo período, segundo
o balanço, 8% dos vôos foram
cancelados (1.176) -os altos índices são inéditos no país.
A operação-padrão foi instituída após o acidente da Gol
-que matou 154 pessoas- e o
afastamento de 18 profissionais
do setor -em razão da investigação da tragédia e por pedidos
de licença médica.
Os controladores passaram a
observar com rigor as recomendações internacionais de
segurança segundo as quais cada um deve vigiar no máximo
14 aeronaves simultaneamente, e não 20 como ocorria anteriormente, -o que exige intervalos maiores entre os vôos.
A situação nos aeroportos começou a melhorar somente na
sexta-feira, após a adoção das
medidas de emergência e de o
governo negociar com os controladores de vôos -cuja maioria é de militares- e ter prometido contratar mais pessoas,
além de analisar um reajuste
salarial -hoje, em média, cada
profissional ganha R$ 2.000.
A negociação realizada pelos
ministérios da Defesa e do Trabalho causou um mal-estar na
Aeronáutica, que a considerou
como um incentivo "a anarquia" por abrir "grave precedente" -a hierarquia militar
não teria sido respeitada (a
maioria dos controladores são
sargentos e a negociação foi feita por ministros).
O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Luiz Carlos Bueno, que não teria gostado das
negociações, acompanhou ontem de sua residência, em Brasília, as operações de controle
do tráfego aéreo no Brasil.
Segundo a assessoria de comunicação da Aeronáutica,
Bueno manteve contato com
todas as centrais de tráfego do
país. A Aeronáutica negou que
Bueno tivesse a intenção de
passar o dia de ontem no Cindacta-1 a fim de acompanhar,
pessoalmente, as operações para manter a normalidade do
tráfego aéreo. Segundo o centro
de comunicação social, a agenda de Bueno só previa que ele
permaneceria em casa.
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