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Painel de horários deixa de ser atração principal
LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL
A funcionária do posto de informações da Infraero no Aeroporto Internacional de Guarulhos quase conseguiu respirar
aliviada. Os vôos subiam e desciam mais ou menos no horário, os passageiros estavam
tranqüilos, tudo dava a entender que seria um dia normal -o
primeiro desde o início da operação-padrão dos controladores. Mas, de repente, às 15h40,
em uma família muçulmana
que embarcava para Paris, mulheres de véus cor-de-rosa, começou a pancadaria. Irmão
contra irmão se bateram, a filha
de um deles teve uma crise nervosa e gritava pelo pai, que foi
arrastado para longe. Logo, começou a xingar o tio: ""Estelionatário, ladrão", dizia ela em
bom português, que os demais
familiares fingiam não conhecer quando os jornalistas se
aproximavam.
Em dia de calmaria nos aeroportos, depois da bagunça generalizada da semana passada,
o incidente dos muçulmanos
virou assunto para o dia todo.
Bem que os sete membros da
família Tanikado, que foram visitar parentes em Santa Cruz,
no Rio Grande do Sul, temeram
pela volta a São Paulo. Na última quinta-feira, eles tiveram
sorte. O avião em que foram para Porto Alegre atrasou apenas
40 minutos, quando o sistema
de transporte aéreo do país
praticamente entrou em colapso. Ontem, o máximo que a família esperou foram 20 minutos, já na pista de pouso de Guarulhos, para sair da aeronave.
Mesma sorte tiveram os 12
amigos que resolveram passar
o feriado em Buenos Aires. O
funcionário público José Augusto Mustafá, 38, que voltou
pela British Airways, registrou
apenas o embarque antecipado
em uma hora, feito na Argentina, para que o avião saísse rigorosamente no horário.
As chegadas nacionais, em
Cumbica, tinham, até as 18h30,
atraso médio de 55 minutos,
que os funcionários do aeroporto consideram normal em
dia de rush, como são os retornos de férias e feriados prolongados. Um vôo da Varig proveniente de Salvador e que deveria ter aterrissado às 13h50 exagerou na dose e tocou o solo às
18h05. Mas foi exceção.
Segundo a Gol, até as 18h30, a
empresa registrava apenas oito
atrasos decorrentes de problemas no controle de tráfego aéreo. Mesmo assim, em tamanho reduzido: ""de 15 a 30 minutos". Nada comparável aos retardos de até 20 horas observados na última quinta-feira.
A calma restabelecida no aeroporto permitiu que se prestasse atenção a outras coisas,
além do painel de controle de
chegadas e partidas -obsessão
dos últimos dias.
Um exemplo: a seleção brasileira masculina de vôlei, que
embarcou ontem para Paris, no
vôo Air France. Os atletas gigantes (média de altura de 1,94
m), que foram atrás do bicampeonato mundial no Japão, distribuíam autógrafos, sorrindo.
Ao lado deles, um casal nissei
que faria o mesmo trajeto, mas
para trabalhar no Japão, despedia-se, inundado de lágrimas,
da família que ficou. Vida normal no grande aeroporto.
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