São Paulo, segunda-feira, 06 de novembro de 2006

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Painel de horários deixa de ser atração principal

LAURA CAPRIGLIONE
DA REPORTAGEM LOCAL

A funcionária do posto de informações da Infraero no Aeroporto Internacional de Guarulhos quase conseguiu respirar aliviada. Os vôos subiam e desciam mais ou menos no horário, os passageiros estavam tranqüilos, tudo dava a entender que seria um dia normal -o primeiro desde o início da operação-padrão dos controladores. Mas, de repente, às 15h40, em uma família muçulmana que embarcava para Paris, mulheres de véus cor-de-rosa, começou a pancadaria. Irmão contra irmão se bateram, a filha de um deles teve uma crise nervosa e gritava pelo pai, que foi arrastado para longe. Logo, começou a xingar o tio: ""Estelionatário, ladrão", dizia ela em bom português, que os demais familiares fingiam não conhecer quando os jornalistas se aproximavam.
Em dia de calmaria nos aeroportos, depois da bagunça generalizada da semana passada, o incidente dos muçulmanos virou assunto para o dia todo.
Bem que os sete membros da família Tanikado, que foram visitar parentes em Santa Cruz, no Rio Grande do Sul, temeram pela volta a São Paulo. Na última quinta-feira, eles tiveram sorte. O avião em que foram para Porto Alegre atrasou apenas 40 minutos, quando o sistema de transporte aéreo do país praticamente entrou em colapso. Ontem, o máximo que a família esperou foram 20 minutos, já na pista de pouso de Guarulhos, para sair da aeronave.
Mesma sorte tiveram os 12 amigos que resolveram passar o feriado em Buenos Aires. O funcionário público José Augusto Mustafá, 38, que voltou pela British Airways, registrou apenas o embarque antecipado em uma hora, feito na Argentina, para que o avião saísse rigorosamente no horário.
As chegadas nacionais, em Cumbica, tinham, até as 18h30, atraso médio de 55 minutos, que os funcionários do aeroporto consideram normal em dia de rush, como são os retornos de férias e feriados prolongados. Um vôo da Varig proveniente de Salvador e que deveria ter aterrissado às 13h50 exagerou na dose e tocou o solo às 18h05. Mas foi exceção.
Segundo a Gol, até as 18h30, a empresa registrava apenas oito atrasos decorrentes de problemas no controle de tráfego aéreo. Mesmo assim, em tamanho reduzido: ""de 15 a 30 minutos". Nada comparável aos retardos de até 20 horas observados na última quinta-feira.
A calma restabelecida no aeroporto permitiu que se prestasse atenção a outras coisas, além do painel de controle de chegadas e partidas -obsessão dos últimos dias.
Um exemplo: a seleção brasileira masculina de vôlei, que embarcou ontem para Paris, no vôo Air France. Os atletas gigantes (média de altura de 1,94 m), que foram atrás do bicampeonato mundial no Japão, distribuíam autógrafos, sorrindo.
Ao lado deles, um casal nissei que faria o mesmo trajeto, mas para trabalhar no Japão, despedia-se, inundado de lágrimas, da família que ficou. Vida normal no grande aeroporto.


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