São Paulo, sexta, 6 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Truman Show" revive fantasia da infância

BARBARA GANCIA
Colunista da Folha

Tive uma ilusão de ótica ou vi mesmo em uma dessas revistas de cabeleireiro a foto da apresentadora Márcia Peltier lendo o livro que ela própria escreveu? Bem, deixa para lá, que temos coisas mais importantes a tratar.
A esta altura, a maioria das pessoas com um mínimo de "joie de vivre" já assistiu a "O Show de Truman - O Show da Vida", lançado na sexta passada nos cinemas da cidade.
Pois, no último fim-de-semana, o Databarbara entrou em ação para confirmar uma suspeita antiga.
Saí a campo para saber se outras pessoas, além desta humilde datilógrafa que vos fala, já tinham tido a sensação de que o mundo fora arquitetado unicamente para girar em torno do umbigo de quem nutre essa encanação.
Eu explico: quando criança, toda vez que fazia algo errado, eu me trancava no banheiro e, em voz alta, apresentava minhas justificativas.
Caso meu mundo fosse controlado com fios de marionete por um Deus, um Buda ou um Alá só meus; por meus pais ou, sabe lá, por aquela bruxa de babá que me entupiu de caldo verde até a tampa, eu ao menos estaria tendo a oportunidade de me defender.
O mundo de Truman é exatamente esse mundo planejado e orquestrado em função de uma só pessoa, que eu acabei descobrindo, ao menos no meu caso, não existir.
No sábado, saí perguntando informalmente aos amigos, vizinhos, empregada e até ao já famoso português da padaria, se algum dia eles tiveram essa fantasia. Pois não é que todo mundo me disse que sim?
Você, leitor: na infância, também imaginava que, quando ia dormir, o mundo dava um tempo e parava de funcionar? Ou que, quando você ia visitar sua avó em Santa Rita do Passa Quatro, o seu bairro, a sua escola, enfim, São Paulo inteira congelava e só voltava à ativa quando o carro conduzido por seu pai ia chegando perto do pico do Jaraguá? Pois então, bem-vindo ao clube!
Quando do lançamento do filme "Thelma e Louise" descobri em consulta semelhante que não era a única garota do planeta a ter ouvido elogios de gosto duvidoso ao passar por um prédio em construção. Ou a única fêmea a ver o exibicionista da capa de chuva no shopping center.
Quando a arte não imita a vida, passa raspando.

QUALQUER NOTA

General de brinquedo
Na América Latina a moda pegaria? A fabricante de brinquedos Hasbro lançou no mercado norte-americano o boneco do general Colin Powell. Já pensou se a Estrela lança o Falcon Pinochet? Para quem fatura com o boneco Ratinho, até que a idéia não é má.

Mais um
Rogério Fasano, o melhor restaurateur do cosmos (se eu não disser isso, ele cai em depressão), lançou ontem o Gero Caff, no saguão da entrada principal do shopping Iguatemi. Pelo tamanho e funcionalidade da cozinha subterrânea, o negócio promete. Resta saber como os clientes irão se proteger do frio do inverno.

Parole, parole, parole
Se o Guga Kuerten tiver mais algum piripaque este ano, eu juro que engulo uma bola de tênis.

E-mail barbara@uol.com.br



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.