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"Truman Show" revive fantasia da infância
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
Tive uma ilusão de ótica ou
vi mesmo em uma dessas revistas de cabeleireiro a foto da
apresentadora Márcia Peltier
lendo o livro que ela própria
escreveu? Bem, deixa para lá,
que temos coisas mais importantes a tratar.
A esta altura, a maioria das
pessoas com um mínimo de
"joie de vivre" já assistiu a "O
Show de Truman - O Show da
Vida", lançado na sexta passada nos cinemas da cidade.
Pois, no último fim-de-semana, o Databarbara entrou em
ação para confirmar uma suspeita antiga.
Saí a campo para saber se
outras pessoas, além desta humilde datilógrafa que vos fala,
já tinham tido a sensação de
que o mundo fora arquitetado
unicamente para girar em torno do umbigo de quem nutre
essa encanação.
Eu explico: quando criança,
toda vez que fazia algo errado,
eu me trancava no banheiro e,
em voz alta, apresentava minhas justificativas.
Caso meu mundo fosse controlado com fios de marionete
por um Deus, um Buda ou um
Alá só meus; por meus pais ou,
sabe lá, por aquela bruxa de
babá que me entupiu de caldo
verde até a tampa, eu ao menos estaria tendo a oportunidade de me defender.
O mundo de Truman é exatamente esse mundo planejado
e orquestrado em função de
uma só pessoa, que eu acabei
descobrindo, ao menos no meu
caso, não existir.
No sábado, saí perguntando
informalmente aos amigos, vizinhos, empregada e até ao já
famoso português da padaria,
se algum dia eles tiveram essa
fantasia. Pois não é que todo
mundo me disse que sim?
Você, leitor: na infância,
também imaginava que, quando ia dormir, o mundo dava
um tempo e parava de funcionar? Ou que, quando você ia
visitar sua avó em Santa Rita
do Passa Quatro, o seu bairro,
a sua escola, enfim, São Paulo
inteira congelava e só voltava
à ativa quando o carro conduzido por seu pai ia chegando
perto do pico do Jaraguá? Pois
então, bem-vindo ao clube!
Quando do lançamento do
filme "Thelma e Louise" descobri em consulta semelhante
que não era a única garota do
planeta a ter ouvido elogios de
gosto duvidoso ao passar por
um prédio em construção. Ou
a única fêmea a ver o exibicionista da capa de chuva no
shopping center.
Quando a arte não imita a
vida, passa raspando.
QUALQUER NOTA
General de brinquedo
Na América Latina a moda pegaria? A fabricante de brinquedos
Hasbro lançou no mercado norte-americano o boneco do general
Colin Powell. Já pensou se a Estrela lança o Falcon Pinochet? Para
quem fatura com o boneco Ratinho, até que a idéia não é má.
Mais um
Rogério Fasano, o melhor restaurateur do cosmos (se eu não
disser isso, ele cai em depressão),
lançou ontem o Gero Caff, no saguão da entrada principal do
shopping Iguatemi. Pelo tamanho
e funcionalidade da cozinha subterrânea, o negócio promete. Resta saber como os clientes irão se
proteger do frio do inverno.
Parole, parole, parole
Se o Guga Kuerten tiver mais algum piripaque este ano, eu juro
que engulo uma bola de tênis.
E-mail barbara@uol.com.br
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