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OPINIÃO
Cargas perigosas
ÍTALO CARDOSO
Em 17 de maio de 1993, o projeto
sobre o transporte de cargas perigosas na cidade de São Paulo foi
transformado em lei, mas só agora, cinco anos e cinco meses depois, ela começou a viger na cidade. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego, o transporte
de produtos considerados perigosos, como líquidos inflamáveis,
substâncias corrosivas e gases
comprimidos, entre outros, está
restrito no chamado centro expandido das 17h às 20h desde a última terça.
Em que pesem as dificuldades
operacionais, já que sua aplicabilidade envolve diretamente indústrias químicas, empresas transportadoras, Corpo de Bombeiros,
órgãos públicos que gerenciam e
disciplinam o sistema de tráfego
na capital, órgãos e entidades ligadas à defesa do meio ambiente,
Defesa Civil e trabalhadores do setor, entre outros, finalmente a lei
entrará em vigor, com a devida
autuação dos infratores.
Quando apresentamos o projeto
no Legislativo municipal, tivemos
a preocupação de discutir amplamente a questão com os setores
envolvidos, de forma transparente. Fomos além: propusemos a
criação de uma Comissão Municipal para o Transporte de Cargas
Perigosas, com caráter permanente, para prestar assessoria operacional e técnica nas tarefas de regulamentação, implementação e
execução da lei. Também definimos a punição daqueles que a infringissem e a criação dos pátios
de retenção dos veículos.
Pelo menos 10 mil veículos pesados transportam cargas perigosas
diariamente na capital. Esse número, por si só, dá uma idéia dos
riscos a que estão expostos os paulistanos. Trata-se do transporte de
produtos, geralmente inflamáveis,
que podem provocar tragédias e
danos, alguns irreversíveis, à saúde das pessoas e ao meio ambiente. O Executivo é conhecedor privilegiado de todos os aspectos da
questão e não pode tratá-la com
morosidade. Agir assim é criar
condições para que os acidentes
ocorram.
Fiscalizar com o máximo de rigor o tráfego desses veículos, controlar horários de saída e chegada
dessas cargas na cidade, exigir das
empresas o treinamento adequado para os motoristas e levar a discussão do assunto à população é
mais do que prevenir: é garantir de
fato a segurança dos munícipes.
Isso não se faz apenas colocando
faixas nas marginais, mas agilizando normas e procedimentos
com todos os setores que estariam
envolvidos em situações de emergência. A população também tem
o direito de ser mais bem informada por meio de campanhas e materiais educativos. Não basta dizer
"antes tarde do que nunca"; há
que avançar um pouco mais.
Ítalo Cardoso é vereador do PT e presidente da
Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da
Câmara Municipal de São Paulo
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