São Paulo, quarta-feira, 06 de dezembro de 2000

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Suicídio de policiais surpreende Comissão de Direitos Humanos

DA REPORTAGEM LOCAL

Mais de 30 mil consultas psiquiátricas por ano e um número de suicídios que supera o de mortes em serviço entre policiais militares são dados colhidos ontem em São Paulo pela caravana da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados sobre a violência sofrida pela polícia.
Em audiência pública promovida na Assembléia Legislativa, os deputados souberam que no período de 91 a 99 houve 128 mortes de PMs em serviço e 215 suicídios. E de janeiro a outubro deste ano foram registradas 27 mortes em serviço e 20 suicídios.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Marcos Rollim (PT-RS), disse que ficou "impressionado" com o número de suicídios entre os policiais militares.
"O suicídio não é um problema isolado de São Paulo, mas impressiona pela quantidade. Além de a PM-SP não ter o acompanhamento da saúde mental do policial que deveria, há o problema do estresse da atividade e do código disciplinar, que é de 1943", disse.
O deputado afirmou que, durante a audiência, houve o consenso entre deputados e entidades representativas de policiais de que o regimento disciplinar tem de ser modificado. "A prisão disciplinar tem de acabar."
Mas são as mortes nos períodos em que o policial militar deveria estar de folga que causam mais baixas. Em oito anos, 484 policiais paulistas foram mortos fora do serviço. E, de janeiro a outubro deste ano, o número chegou a 146.
"Os números só mostram o que já sabíamos, que os policiais têm um segundo emprego para complementar o salário." Ele afirmou que a comissão pretende propor a instituição de um piso salarial unificado para todo o país. "O salário é o problema mais emergencial", disse.
(FLÁVIA DE LEON)


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