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SAÚDE
Promessa de campanha, o programa, que é alvo de problemas, dará enxoval e foto do bebê para as mulheres atendidas
Serra "relança" Mãe Paulistana com presente
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito de São Paulo, José
Serra (PSDB), vai "repaginar" sua
promessa número um na campanha para a prefeitura, o programa
Mãe Paulistana.
Alvo de problemas neste ano,
como a falta de passes para gestantes, a iniciativa passará a incluir a distribuição de enxovais
para os bebês que nascerem na rede pública, além de cartão com informações sobre a criança, foto e
dedicatória do médico. Serra é cotado para ser o candidato do
PSDB à Presidência da República
no ano que vem.
O relançamento do programa
neste mês foi antecipado ontem
pela secretária municipal da Saúde, Maria Cristina Cury, durante
o evento "O Ministério Público na
tutela do SUS [Sistema Único de
Saúde]". "É o mesmo programa,
só que adaptado à nossa realidade
e às nossas condições atuais. Está
saindo do forno agora", respondeu Cury, quando questionada se
a promessa de campanha foi "repaginada".
O Mãe Paulistana já prevê que
todas as gestantes possam realizar
pré-natal adequado e saber com
antecedência o local do parto,
além da distribuição de passes de
ônibus às mulheres atendidas
longe de casa.
De acordo com Cury, os enxovais servirão para garantir que as
mães dêem uma boa assistência
aos seus filhos. A cada etapa do
pré-natal cumprida, como a realização de consultas, a gestante receberá pontos, até atingir o total
para obter as roupas.
A secretária não informou os
custos, a origem da verba para a
iniciativa, nem o número de mulheres que serão atendidas. No
ano passado, São Paulo registrou
um total de 180 mil nascidos vivos
e, em 65% do total, as mães fizeram sete ou mais consultas de
pré-natal. A meta, em 2005, é que
o índice suba para 75%.
Serra foi acusado, durante a
campanha à prefeitura, de ter copiado o Mãe Paulistana do programa Nascer Bem, da ex-prefeita
Marta Suplicy (PT). O programa
petista acolheu a idéia de distribuir passes, de autoria de um vereador tucano, Carlos Alberto Bezerra Júnior.
Ainda durante a campanha,
Serra argumentou que sua intenção era aperfeiçoar a proposta. No
primeiro semestre deste ano, no
entanto, a distribuição de passes
foi reduzida em 75%. O prefeito
afirmou que o quadro seria melhorado até o fim do ano.
Segundo nota da Secretaria Municipal da Saúde, hoje são ofertados, em média, 23 mil passes por
mês, mas somente em postos de
saúde. A gestão Marta chegou a
distribuir 60 mil passes mensais,
portanto 160,8% a mais do que a
gestão José Serra.
A maternidade Amparo Maternal, uma das principais instituições filantrópicas do setor, informou ontem que desde o mês de
agosto não recebe passes.
Postos priorizados
A prefeitura afirmou ter priorizado postos de saúde e que o objetivo é "trabalhar melhor a distribuição para incentivar gestantes a
comparecerem às consultas de
pré-natal [nos postos]".
Segundo Marlene Beatriz do
Nascimento Novaes, assistente
social da maternidade, os passes
eram usados principalmente por
gestantes que moravam distantes
da unidade, mas faziam pré-natal
no hospital, além daquelas que tinham de deixar os filhos internados e não tinham dinheiro para
voltar para as visitas.
O hospital, fundado há 60 anos e
conveniado ao SUS, faz até 1.300
partos por mês e já chegou a receber mais de 300 passes mensais no
final do ano de 2004, ainda durante a administração da ex-prefeita
Marta Suplicy (PT).
Mães que deram à luz no local
relataram não ter referência de
hospital para o parto. Michele de
Oliveira, 21, não encontrou vaga
em dois hospitais antes de ser enviada ao Amparo Maternal. Rosinéia Aparecida dos Santos, 21,
afirmou ter se recusado a ficar em
um hospital da zona leste, preferiu o Amparo. "Não fui bem tratada", justifica.
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