São Paulo, terça-feira, 06 de dezembro de 2005

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SAÚDE

Promessa de campanha, o programa, que é alvo de problemas, dará enxoval e foto do bebê para as mulheres atendidas

Serra "relança" Mãe Paulistana com presente

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB), vai "repaginar" sua promessa número um na campanha para a prefeitura, o programa Mãe Paulistana.
Alvo de problemas neste ano, como a falta de passes para gestantes, a iniciativa passará a incluir a distribuição de enxovais para os bebês que nascerem na rede pública, além de cartão com informações sobre a criança, foto e dedicatória do médico. Serra é cotado para ser o candidato do PSDB à Presidência da República no ano que vem.
O relançamento do programa neste mês foi antecipado ontem pela secretária municipal da Saúde, Maria Cristina Cury, durante o evento "O Ministério Público na tutela do SUS [Sistema Único de Saúde]". "É o mesmo programa, só que adaptado à nossa realidade e às nossas condições atuais. Está saindo do forno agora", respondeu Cury, quando questionada se a promessa de campanha foi "repaginada".
O Mãe Paulistana já prevê que todas as gestantes possam realizar pré-natal adequado e saber com antecedência o local do parto, além da distribuição de passes de ônibus às mulheres atendidas longe de casa.
De acordo com Cury, os enxovais servirão para garantir que as mães dêem uma boa assistência aos seus filhos. A cada etapa do pré-natal cumprida, como a realização de consultas, a gestante receberá pontos, até atingir o total para obter as roupas.
A secretária não informou os custos, a origem da verba para a iniciativa, nem o número de mulheres que serão atendidas. No ano passado, São Paulo registrou um total de 180 mil nascidos vivos e, em 65% do total, as mães fizeram sete ou mais consultas de pré-natal. A meta, em 2005, é que o índice suba para 75%.
Serra foi acusado, durante a campanha à prefeitura, de ter copiado o Mãe Paulistana do programa Nascer Bem, da ex-prefeita Marta Suplicy (PT). O programa petista acolheu a idéia de distribuir passes, de autoria de um vereador tucano, Carlos Alberto Bezerra Júnior.
Ainda durante a campanha, Serra argumentou que sua intenção era aperfeiçoar a proposta. No primeiro semestre deste ano, no entanto, a distribuição de passes foi reduzida em 75%. O prefeito afirmou que o quadro seria melhorado até o fim do ano.
Segundo nota da Secretaria Municipal da Saúde, hoje são ofertados, em média, 23 mil passes por mês, mas somente em postos de saúde. A gestão Marta chegou a distribuir 60 mil passes mensais, portanto 160,8% a mais do que a gestão José Serra.
A maternidade Amparo Maternal, uma das principais instituições filantrópicas do setor, informou ontem que desde o mês de agosto não recebe passes.

Postos priorizados
A prefeitura afirmou ter priorizado postos de saúde e que o objetivo é "trabalhar melhor a distribuição para incentivar gestantes a comparecerem às consultas de pré-natal [nos postos]".
Segundo Marlene Beatriz do Nascimento Novaes, assistente social da maternidade, os passes eram usados principalmente por gestantes que moravam distantes da unidade, mas faziam pré-natal no hospital, além daquelas que tinham de deixar os filhos internados e não tinham dinheiro para voltar para as visitas.
O hospital, fundado há 60 anos e conveniado ao SUS, faz até 1.300 partos por mês e já chegou a receber mais de 300 passes mensais no final do ano de 2004, ainda durante a administração da ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Mães que deram à luz no local relataram não ter referência de hospital para o parto. Michele de Oliveira, 21, não encontrou vaga em dois hospitais antes de ser enviada ao Amparo Maternal. Rosinéia Aparecida dos Santos, 21, afirmou ter se recusado a ficar em um hospital da zona leste, preferiu o Amparo. "Não fui bem tratada", justifica.


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