|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Risco animal
JAIRO BOUER
especial para a Folha
Max, um cão da raça bassê, dorme todas as noites na cama de sua
dona, a estudante Sofia de Guglielmo Pedroso, 9. Ele também costuma dar lambidas diárias no rosto
da menina, que não se lembra
muito de lavar as mãos depois de
ter brincado com o cão.
Essa delicada relação, entre animais de estimação e seus donos,
faz com que regras básicas de higiene, que evitariam os riscos de
transmissão de doenças, muitas
vezes não sejam cumpridas.
Sofia diz que nunca pegou nenhuma doença dos seus bichos,
apesar de sua relação "íntima"
com os animais ter começado bem
cedo. Quando bebê, um gato já
dormia, ao lado da menina, dentro do berço. Mas a proximidade
com os animais traz riscos.
Uma série de agentes causadores
de doenças infecciosas e parasitárias, as zoonoses, pode ser levado
para dentro de casa por eles.
Existem mais de 180 tipos de
doenças que podem passar dos
animais para o ser humano. E o
"veículo" pode ser desde um pequeno periquito ou um filhote de
cachorro até uma iguana.
Os cães e gatos ainda são os animais de estimação mais comuns
no ambiente doméstico. E são eles
que podem trazer as zoonoses
mais graves: a raiva e a toxoplasmose (leia texto nesta página).
Segundo o veterinário Marcelo
de Menezes Brandão, diretor do
Centro de Controle de Zoonoses
de São Paulo, não existem casos de
raiva humana na cidade desde
1981. No entanto, 22 casos foram
registrados no Brasil em 1998. Segundo Brandão, vacinar o cão e o
gato anualmente contra a raiva é
uma medida essencial.
A infectologista Marília Santini
de Oliveira diz que o gato também
pode ser o responsável por uma
doença conhecida como "síndrome da arranhadura do gato". A
bactéria causadora do problema
-a bartonela- só foi identificada
há dois anos. Os sintomas são febre, lesão no local da arranhadura
e aumento de gânglios. A pessoa
pode precisar de antibióticos.
Animais exóticos
Brandão explica que os animais
exóticos e os de comercialização
proibida pelo Ibama também trazem uma série de riscos de doença
para dentro de casa.
O transporte ilegal e inadequado
dos bichos faz com que eles passem por um situação de estresse,
que pode levar à queda de resistência imunológica e desenvolvimento de doenças. Como muitos
desses animais não passam por
uma quarentena, muitas vezes,
eles já chegam doentes ou portando agentes infecciosos.
A psitacose -transmitida por
fezes ressecadas de pássaros- é
um bom exemplo. Ela é causada
por uma bactéria e produz um
quadro semelhante a uma pneumonia, com tosse, febre e dor no
peito. Ela é mais comum em pessoas que têm contatos mais próximos com periquitos, cacatuas, papagaios e outras aves do gênero.
A manipulação de animais como
cobras, rãs e iguanas traz o risco
de doenças como a salmonelose,
que causa um quadro de infecção
digestiva, com náusea, vômito, febre, diarréia e cólicas. Marília diz
que, às vezes, é difícil fazer o diagnóstico dessas doenças e lembrar
que elas podem ter sido transmitidas por animais de estimação.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|