São Paulo, sábado, 07 de janeiro de 2006

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TERROR NA LINHA 350

Em dia marcado por confusão, polícia afirma que traficante não ordenou mortes e prende mais 3 suspeitos

Polícia do Rio agora inocenta Alexandra, 13

Guilherme Pinto/Agência O Globo
Brenda Lizer dos Santos, 19, namorada de Lorde, é acompanhada por policiais após se entregar


MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Em uma investigação confusa e com declarações contraditórias, a Polícia Civil do Rio inocentou ontem duas acusadas -entre elas Alexandra, 13, que confessou à imprensa e a jornalistas ter participado da ação- e prendeu mais três outras pessoas sob suspeita de participar do ataque a um ônibus em 29 de novembro, quando cinco pessoas morreram.
Segundo a polícia, o principal suspeito de ter ordenado o ataque ao ônibus, Anderson Gonçalves dos Santos, 25, o Lorde, que se entregara anteontem, confessou ter sido o mandante do atentado, mas negou ter ordenado as mortes. A polícia disse que ele será responsabilizado criminalmente pelas mortes, mas cabe à Justiça decidir se responderá por elas.
Três pessoas presas ontem no morro da Fé -duas mulheres e um homem- foram reconhecidas como atuantes no atentado. Uma das mulheres fez sinal para o ônibus parar e a outra seria a responsável por fazer com que os passageiros saíssem do ônibus.
Segundo a polícia, a ordem de Lorde era para incendiar o ônibus e não as pessoas. Mas um dos criminosos teria tentado roubar o ônibus e a cobradora o enfrentou. Na confusão, a porta de trás não foi aberta e cinco morreram.
A adolescente de 13 anos, que disse ter participado da ação e que Lorde era o mandante, mudou seu depoimento e será liberada.
Agora, a inspetora Marina Maggessi diz que ela não teve nenhuma participação no crime. Não foi reconhecida por cinco vítimas e por quatro testemunhas.
Brenda Lizer dos Santos, 19, namorada de Lorde e acusada de participar do ataque, se entregou à polícia, mas seria liberada.
A polícia concluiu que ela não teve participação no crime porque também não foi reconhecida.
Maggessi afirmou que há só um foragido. Um traficante conhecido como André Bocão. Gabriel Amaral Távora, o Boca Mole, que teve a sua prisão preventiva decretada, acusado de ter impedido pessoas de sair do ônibus, teria sido confundido com Bocão.
Segundo a policial, Lorde resolveu fazer um protesto contra a morte do traficante Cyborg, seu melhor amigo, em um tiroteio com PMs na noite anterior.
Na hora, Lorde estava em um churrasco no morro, quando deu dinheiro a alguns traficantes para que fossem incendiar um ônibus.
Maggessi disse que as mortes de quatro traficantes um dia após o atentado deverão ser creditadas a Mica. Para ela, Mica teria ordenado as mortes para ficar bem com a cúpula da facção criminosa CV (Comando Vermelho), que não teria gostado de o ataque ao ônibus ter resultado em mortes.
Durante todo o dia, a polícia bateu cabeça na divulgação sobre o andamento do caso. Marina Maggessi e o titular da DRE, delegado Luiz Alberto de Oliveira, davam declarações controversas.
No final da manhã, Oliveira havia dito não ter dúvidas de que Lorde era o mandante. Minutos depois, Maggessi declarou que tinha dúvidas quanto à participação de Lorde no ataque e que ele poderia ser solto. "O cheiro agora é de uma reviravolta", afirmou.
À tarde, após o depoimento da namorada de Lorde, Maggessi recuou e disse que tinha certeza de que Lorde seria o mandante do ataque, mas não das mortes.


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