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Governo acusa Bauducco de aterrar várzea do rio Tietê
Arquiteto diz que não há irregularidades e que empresa começou a construir piscinão
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Bauducco foi advertida ontem pela Secretaria Estadual
do Meio Ambiente sob a acusação de aterrar a várzea do rio
Tietê no terreno onde fica seu
depósito, em Guarulhos (Grande SP). O órgão disse ainda que
um córrego que passava no local desapareceu e também pode ter sido aterrado.
Do lado oposto ao terreno,
separado apenas pelo rio Tietê,
fica o Jardim Pantanal, que
desde dezembro sofre com as
enchentes constantes.
A empresa, em nota, afirma
que vai analisar a advertência
recebida e que em 30 dias emitirá seu parecer. Mas o arquiteto responsável pela obra, Lúcio
Gomes Machado, diz que não
há nenhuma irregularidade.
A Prefeitura de Guarulhos
concedeu uma licença para
obras no terreno em 1999. O
documento prevê que seja respeitada uma distância de 50
metros da margem do rio, onde
não pode haver intervenções.
Mas a secretaria diz que ontem, em uma fiscalização com o
secretário Xico Graziano, encontrou terra e pedras justamente nessa área, o que indicaria uma obra de aterro.
No terreno de 260 mil m2 há
um depósito de 19 mil metros
m2 e planos de ampliá-lo para
60 mil metros m2. Segundo o
arquiteto da empresa, há seis
meses a Bauducco começou a
construir perto da várzea do rio
uma espécie de piscinão para
represar a água das chuvas e
não sobrecarregar o Tietê. Essa
obra é feita de pedras e de terra
e fica, segundo ele, a mais de 50
metros de distância do rio.
"Há três meses está chovendo muito e aquilo virou lama,
que escorreu para perto do rio.
Nós não precisamos daquela
área", diz Machado. O arquiteto afirma ainda que o córrego
que a secretaria diz ter sumido
do terreno não existia. A Bauducco terá 30 dias para apresentar laudos que comprovem
a regularidade da obra.
A fiscalização faz parte de
uma resolução divulgada pela
secretaria ontem, que passa o
licenciamento de obras na várzea do Tietê para o governo do
Estado. Antes, elas ficavam a
cargo das prefeituras. A secretaria estadual também fiscalizará a região, com a ajuda da
PM. Ontem, foi encontrado na
mesma região um depósito
clandestino de materiais de
construção, que foi interditado.
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