São Paulo, quinta-feira, 07 de janeiro de 2010

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Governo acusa Bauducco de aterrar várzea do rio Tietê

Arquiteto diz que não há irregularidades e que empresa começou a construir piscinão

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bauducco foi advertida ontem pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente sob a acusação de aterrar a várzea do rio Tietê no terreno onde fica seu depósito, em Guarulhos (Grande SP). O órgão disse ainda que um córrego que passava no local desapareceu e também pode ter sido aterrado.
Do lado oposto ao terreno, separado apenas pelo rio Tietê, fica o Jardim Pantanal, que desde dezembro sofre com as enchentes constantes.
A empresa, em nota, afirma que vai analisar a advertência recebida e que em 30 dias emitirá seu parecer. Mas o arquiteto responsável pela obra, Lúcio Gomes Machado, diz que não há nenhuma irregularidade.
A Prefeitura de Guarulhos concedeu uma licença para obras no terreno em 1999. O documento prevê que seja respeitada uma distância de 50 metros da margem do rio, onde não pode haver intervenções.
Mas a secretaria diz que ontem, em uma fiscalização com o secretário Xico Graziano, encontrou terra e pedras justamente nessa área, o que indicaria uma obra de aterro.
No terreno de 260 mil m2 há um depósito de 19 mil metros m2 e planos de ampliá-lo para 60 mil metros m2. Segundo o arquiteto da empresa, há seis meses a Bauducco começou a construir perto da várzea do rio uma espécie de piscinão para represar a água das chuvas e não sobrecarregar o Tietê. Essa obra é feita de pedras e de terra e fica, segundo ele, a mais de 50 metros de distância do rio.
"Há três meses está chovendo muito e aquilo virou lama, que escorreu para perto do rio. Nós não precisamos daquela área", diz Machado. O arquiteto afirma ainda que o córrego que a secretaria diz ter sumido do terreno não existia. A Bauducco terá 30 dias para apresentar laudos que comprovem a regularidade da obra.
A fiscalização faz parte de uma resolução divulgada pela secretaria ontem, que passa o licenciamento de obras na várzea do Tietê para o governo do Estado. Antes, elas ficavam a cargo das prefeituras. A secretaria estadual também fiscalizará a região, com a ajuda da PM. Ontem, foi encontrado na mesma região um depósito clandestino de materiais de construção, que foi interditado.


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