São Paulo, #!L#Segunda-feira, 07 de Fevereiro de 2000


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VIOLÊNCIA
Polícia prendeu 18 jovens suspeitos de participar do crime
Skinheads espancam e matam homem em SP

ADRIANA SOUZA SILVA
da Reportagem Local

O adestrador de cães Edson Neris da Silva, 35, morreu na madrugada de ontem, depois de ter sido espancado por uma gangue de skinheads na praça da República(zona central de São Paulo).
Segundo o depoimento de Dario Pereira Netto, 34, que passava com Silva pelo local por volta da meia-noite, um grupo de 30 jovens carecas e vestidos com roupas pretas se aproximou deles.
Pressentindo que seriam abordados pela gangue, Silva e Netto saíram correndo em direções opostas. Netto foi agredido, mas conseguiu escapar. Silva foi alcançado pelos skinheads.
Duas testemunhas, que preferem não se identificar, dizem que a agressão contra Silva durou cerca de 20 minutos. "Tudo que se ouvia era o barulho dos socos", afirma uma testemunha. "Depois que terminaram, o grupo foi embora, andando tranquilamente."
A testemunha avisou à polícia que encaminhou Silva para a Santa Casa de Misericórdia, onde ele já chegou morto.
Viaturas da Polícia Civil iniciaram, em seguida, uma ronda pela região a fim de encontrar um grupo com as características descritas pelas testemunhas.
Essa busca resultou na prisão de 18 jovens que estavam reunidos num bar da rua 13 de maio. Eles foram indiciados por formação de quadrilha e encaminhados ao 3º DP (Santa Ifigênia) como os suspeitos do homicídio.
Na delegacia, os 18 jovens (16 homens e duas mulheres, com idade entre 18 e 30 anos) disseram que só falariam em juízo, embora tenham afirmado que faziam parte de um grupo de skinhead conhecido como "Carecas do ABC".
Junto com uma das mulheres foi encontrado um peça de metal conhecida como soco inglês.
Pelo menos cinco deles foram reconhecidos pelas testemunhas como autores da agressão.
Revoltado, o irmão de Silva, Jurandir da Silva Santos, 32, pedia justiça. "Eles não podem ser soltos, como aconteceu com os assassinos do índio pataxó", disse.
Nascido em Franco da Rocha, Silva foi criado em Itapevi (interior de São Paulo) onde morava até hoje com os pais. Divorciado, costumava vir a São Paulo para visitar amigos. "Era uma pessoa alegre, sempre disposto a ajudar", disse o vizinho Ovídio Melo, 49.
Segundo familiares, Silva iria prestar vestibular neste ano para ser veterinário.


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