São Paulo, quarta-feira, 07 de fevereiro de 2001

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DESASTRE

Situação do músico é "muito menos grave", segundo equipe que o acompanha, mas ainda existe risco de morte

Estado de Herbert melhora, dizem médicos

Antônio Gaudério/Folha Imagem
O corpo da jornalista Lucy Needham, mulher de Herbert Vianna, chega ao cemitério Jardim da Saudade


SABRINA PETRY
DA SUCURSAL DO RIO

O estado de saúde do cantor e compositor Herbert Vianna, 39, líder da banda Paralamas do Sucesso, é "muito menos grave", na avaliação dos médicos que o acompanham, do que era no domingo, quando ele foi internado no hospital Copa D'Or, em Copacabana (zona sul do Rio), após a queda do ultraleve que pilotava.
Apesar da melhora, o estado de Herbert, que está em coma no CTI (Centro de Tratamento Intensivo), ainda é grave e ele continua a correr risco de morte.
"Para um paciente politraumatizado, é nesse período (entre 48 e 72 horas após a internação) que pode ocorrer a "pior piora". O fato de o quadro ter se estabilizado é muito importante", disse o pneumologista e diretor médico do hospital, João Pantoja. "Estamos encarando o caso com um otimismo cauteloso", afirmou.
O músico sofreu traumatismos crânio encefálico, no tórax e na coluna, e um corte profundo na testa na queda do ultraleve, em Mangaratiba (a 60 km do Rio). Sua mulher, Lucy Needham Herbert, 36, morreu no acidente.
A queda provocou a formação de múltiplos coágulos e pequenas hemorragias no cérebro de Vianna, além de lesões pulmonares. Ontem, o músico foi submetido a duas tomografias computadorizadas, no tórax e no crânio, para avaliar a evolução das lesões cerebrais e pulmonares e da operação de descompressão da medula, realizada anteontem.
A operação foi feita para retirar a 12ª vértebra torácica, fraturada na queda, e seus fragmentos, que comprimiam a medula, provocando paralisia nos membros inferiores. Após a cirurgia, foram colocados seis pinos de titânio, um deles substituindo a vértebra, para fixar a coluna e evitar uma nova compressão da medula.
Segundo o neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho, os exames mostraram que a operação foi um sucesso. "Agora ele terá condições de não ficar paraplégico. Antes não havia chance."
Ele disse, porém, que ainda é cedo para afirmar que a hipótese de paralisia das pernas está afastada. "A meninge, que envolve a medula, estava intacta, mas a falta de reflexos nas pernas pode ser um sinal de que a medula tenha sido afetada", explicou.
Niemeyer disse que o quadro neurológico e a pressão intracraniana do músico estão estáveis, quadro que se manteve no boletim divulgado às 18h. Segundo ele, a tomografia mostrou que as lesões no cérebro não aumentaram e que algumas diminuíram.
O médico explicou que ainda não é possível dizer se as lesões provocarão sequelas e quais serão elas. "A pior delas seria o paciente ficar em estado vegetativo. Mas essa possibilidade tem menos de 5% de chance de acontecer. Ele também pode se recuperar totalmente e não ter sequela alguma."
João Pantoja disse que "o quadro respiratório do paciente apresentou melhoras significativas desde sua internação". Ele continua respirando com o auxílio de aparelhos, mas não apresenta sinais de infecção nas vias respiratórias nem de pneumonia.
"O risco de uma infecção, entretanto, ainda existe. Enquanto ele estiver no respirador e com lesões inflamatórias nos pulmões, o risco será constante", explicou o pneumologista. "Cada dia de estabilidade é uma vitória."
Os sinais vitais de Herbert estão estáveis, ele não apresenta febre e sua pressão arterial está sendo mantida sem a ajuda de medicamentos. O coma do músico vinha sendo aprofundado com sedativos para que ele pudesse aceitar o respirador, mas ontem à tarde Pantoja informou que os médicos começaram a reduzir a quantidade de sedativos.
Hoje os médicos farão uma nova bateria de exames para avaliar as reações do músico à redução dos sedativos. Eles pretendem verificar se, com a redução, ele dá sinais de recuperação motora e da capacidade respiratória.


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