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LEGISLATIVO
Projeto mais rigoroso foi engavetado; autor de proposta votada ontem diz que não é pecado contratar parentes
Câmara aprova código de ética mais brando
JOÃO CARLOS SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Induzir nomeações para cargos
na Câmara ou na prefeitura com
fins eleitorais, utilizar a infra-estrutura do Legislativo ou do Executivo para benefício próprio, receber vantagens indevidas por
meio de doações de empresas, ser
advertido publicamente.
Infrações e medidas disciplinares como essas ficaram de fora de
novo projeto aprovado ontem,
em primeira votação, propondo a
criação de um Código de Ética e
de uma Corregedoria na Câmara
Municipal de São Paulo.
A proposta repete iniciativa já
tomada pelos vereadores há mais
três anos, quando também foi
aprovado, em primeira votação,
projeto com o mesmo objetivo,
incluindo infrações e advertências agora abandonadas.
Na época, a proposta partiu da
Mesa Diretora. Depois da aprovação, em 99, projetos substitutivos
chegaram ser apresentados pelos
vereadores Roberto Tripoli
(PSDB) e Aldaíza Sposati (PT).
A petista queria, por exemplo,
acrescentar como dever do vereador a proibição de nomeação de
parentes. Já Tripoli previa a criação de um conselho, composto
por entidades como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil),
que opinaria sobre a aplicação do
futuro Código de Ética.
Mas as propostas ficaram engavetadas até ontem -nem sequer
foram avaliadas em plenário-,
quando surgiu o novo projeto,
apresentado por Carlos Apolinário (PDT), a quem Aldaíza Sposati, atual secretária de Assistência
Social, acusa de ser "antiético".
"Ele copiou o meu projeto, tirando os artigos que ele considerava polêmicos", disse.
"Em vez de colocar a população
fiscalizando, são os próprios vereadores que vão fiscalizar os vereadores", disse Tripoli quanto à
eliminação da possibilidade de representantes da sociedade integrarem um conselho.
As mudanças fizeram ontem os
tucanos votarem contra o novo
projeto, aprovado por 39 votos,
inclusive o de 15 petistas. A Câmara tem 55 parlamentares, dos
quais 7 votaram contra o projeto.
"A Casa entendeu que o meu
projeto vem ao encontro daquilo
que a Casa pensa", disse Apolinário. O pedetista negou que a proposta que ele apresentou seja
mais branda, por exemplo, por
não proibir o nepotismo. "Não é
mais branda. Não é pecado contratar parentes", disse o vereador.
Segundo o líder da bancada do
PT, João Antônio, o projeto que já
tramitava desde 99 não foi à votação final por não ter apoio da
maioria na Câmara. Ele disse que
o projeto de Apolinário deverá ser
aprovado com modificações.
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