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Para médicos, redução é retrocesso
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução do percentual de álcool na gasolina, seguindo critérios exclusivamente econômicos,
para atender um setor específico,
é vista por especialistas do Laboratório de Poluição Atmosférica
Experimental da USP como um
retrocesso para a saúde pública.
"Não há nível aceitável para o
monóxido de carbono na atmosfera, acima do qual as pessoas começam a ter problemas. Na comunidade, sempre vai haver alguém mais suscetível a complicações", diz Paulo Saldiva.
Estudos feitos pela equipe de
Saldiva no Incor (Instituto do Coração) concluíram que, nos dias
em que o CO excedia seus limites
na atmosfera paulistana, aumentava o número de admissões por
arritmia cardíaca e infarto.
Segundo o médico, o poluente
também aumenta o número de
mortes fetais porque a hemoglobina dos fetos "puxa" o monóxido do sangue da mãe. Em concentrações elevadas, o poluente pode
asfixiar o bebê em formação.
"Quando se decide algo assim
[reduzir a presença de álcool na
gasolina", deveria se levar em
conta também o custo que a poluição acarreta ao sistema de saúde, mas isso nunca acontece."
"E numa atmosfera já saturada
de poluentes, como é a da Grande
São Paulo, qualquer aumento fará
uma grande diferença, ainda que
seja difícil prever o quanto isso representará em danos à saúde. A
medida dá um péssimo sinal", diz
Alfesio Luiz Braga, também do laboratório de poluição.
(MV)
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