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ADMINISTRAÇÃO
Serviços feitos em setembro só foram pagos em fevereiro; faturas de outubro ainda não foram quitadas
Marta atrasa pagamentos, e obras param
Ciete Silverio/Folha Imagem
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Obra de reforma do viaduto Orlando Murgel, em SP, totalmente parada, com faixas interditadas |
ROBERTO COSSO
PEDRO DIAS LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita de São Paulo, Marta
Suplicy (PT), começou o último
ano de seu mandato com atrasos
nos pagamentos a fornecedores e
prestadores de serviços. Sem receber desde outubro, algumas empreiteiras já paralisam as obras.
Candidata à reeleição, Marta
deixará várias construções para a
próxima gestão. O atraso na conclusão delas pode ser obstáculo
para sua campanha eleitoral, já
que a prefeitura fez mais contratos do que pode pagar.
"Faltam recursos no geral. A cidade tem pouco dinheiro", disse o
chefe de gabinete da Secretaria
Municipal de Infra-Estrutura Urbana, Ricardo Rezende, para
quem "os recursos disponíveis
devem ser direcionados para as
obras prioritárias, que atrapalham mais o trânsito".
A Secretaria Municipal das Finanças reconhece atrasos nos pagamentos.
A Folha apurou que as contas de
2003 da Prefeitura de São Paulo
fecharam com déficit de cerca de
R$ 600 milhões.
Com isso, a prefeitura entrou
em fevereiro de 2004 sem ter pago
serviços realizados em setembro
de 2003 -e que deveriam ter sido
liquidados em outubro.
"Só recebemos na última segunda-feira [2 de fevereiro] o pagamento das medições das obras
realizadas em setembro", disse
Luiz Antonio Messias, vice-presidente do Sinduscon (Sindicato da
Indústria da Construção Civil do
Estado de São Paulo), em referência à construção de corredores de
ônibus contratados pela SPTrans
(empresa municipal que gerencia
o transporte coletivo na cidade).
Segundo ele, todas as empresas
que trabalharam para a prefeitura
no ano passado ainda não receberam o pagamento pelos serviços
realizados em outubro. "Eu não
só tenho informações de vários
outros empreiteiros como a minha própria fatura das obras executadas em outubro e novembro
ainda não foi paga", afirmou Messias, que participou da construção
do corredor de ônibus São João.
A Folha visitou algumas das
principais obras da cidade e verificou que muitas delas estão paradas ou andando em ritmo lento.
Dos nove viadutos que deveriam estar em reforma na cidade,
quatro não têm atividades. Em
outros três, a reforma caminha
lentamente. E apenas dois têm vários funcionários trabalhando.
Nos corredores de ônibus Guarapiranga e Rio Bonito, as atividades também estão lentas. Só no
corredor Santo Amaro-Nove de
Julho os trabalhos estão normais.
Messias disse que o custo de paralisar um canteiro é muito grande e, por isso, muitas vezes as empreiteiras optam por mantê-lo em
ritmo lento enquanto não recebem. "Fazem isso só para não dizerem que a obra foi abandonada,
para não correrem o risco de perderem o contrato", disse o empresário, que citou casos de drástica
redução no número de funcionários em algumas construções.
A falta de recursos na prefeitura
fará com que pelo menos dois dos
viadutos em reforma não sejam
completados no prazo contratual,
que é de três anos. Eles só devem
ser concluídos em 2006.
Com obras paradas, o Paulistão,
antigo Fura-Fila, não deve ser
concluído neste ano.
Os atrasos nos pagamentos das
contas não atingem apenas os
projetos viários. Também há problemas em relação à construção
dos CEUs (Centros Educacionais
Unificados, conhecidos como
"escolões") e a produtos hospitalares comprados pelas autarquias
municipais que administram o
sistema público de saúde.
Quatro unidades dos CEUs deveriam ter sido inauguradas em
janeiro, mas as edificações atrasaram. Segundo a Secretaria da
Educação, três serão inauguradas
em março e não há previsão para
entrega da quarta. A secretaria nega, contudo, que os atrasos tenham relação com dívidas e afirma que eles decorrem de problemas com os terrenos. Afirma que
o último pagamento foi feito em
10 de dezembro e só a pasta de Finanças controla as contas.
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