São Paulo, segunda-feira, 07 de fevereiro de 2005

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Em Salvador, Filhos de Gandhy emociona Gil

FERNANDA MENA
ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR (BA)

A saída do Filhos de Gandhy é o momento mais interessante do Carnaval da Bahia. A afirmação é do ministro da Cultura, Gilberto Gil, que fez questão de se vestir a caráter e subir no trio do bloco para tocar agogô com os músicos do Gandhy na tarde de ontem, no Pelourinho. "É o meu bloco preferido desde criança. Toda vez que venho, fico emocionado", disse.
O bloco, que completa 56 anos de Carnaval, partiu do Pelourinho rumo à praça Castro Alves às 17h, sob gritos de "ajanhô" (uma saudação do bloco) de seus mais de 6.000 integrantes. Lançaram sobre a multidão pipoca e canjica -oferendas para Oxalá-, perfumaram o percurso com água de cheiro e soltaram pombas brancas no céu de Salvador. "O Gandhy dá imponência e dignidade à festa baiana. Evocamos os orixás para pedir paz e amor no Carnaval", disse o babalorixá Paulo Neto, 46, vestido de branco e azul.
Franzino e careca, Raimundo Queiróz, 79, desfilou em um carro, representando Mahatma Gandhi. A semelhança era tamanha que impressionou Jamila Gunawardena, 30, turista do Sri Lanka que desfilou no bloco. "Isso tudo é muito bizarro para mim. Nunca imaginei ver nada sobre Gandhi no Brasil", disse.
Durante o percurso, o carro de som do bloco quebrou duas vezes e, ao encontrar com o trio de Ivete Sangalo na praça Castro Alves, recebeu homenagem da cantora, que entoou os versos de "Olha o Gandhy Aí!", de Daniela Mercury.
Duas horas antes do início do bloco, as vielas e ladeiras do Pelourinho se transformaram em um bastidor a céu aberto, onde os cerca de 6.000 homens que integram o Gandhy trocavam de roupa e eram auxiliados ao colocar o tradicional turbante de toalha na cabeça. "O Carnaval de Salvador está ficando muito comercializado. Filhos de Gandhy não. Somos tradição, afoxé, dança, ritmo e paz", explica José Fernando Rego, 55, que sai no bloco há 15 anos. "Foi do Filhos de Gandhy que surgiram todos os outros blocos do Carnaval baiano", disse Valdir Ferreira, 52, primeiro-secretário da Associação Cultural Filhos de Gandhy.


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