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Isolada, iniciativa é inútil, dizem especialistas
DANIELA TÓFOLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério da Educação
precisa se preocupar mais em
educar os jovens do que em "ser
legal". Para especialistas consultados pela Folha, a iniciativa da agenda com orientação
sexual é boa, mas deve ser
acompanhada de outras medidas e elaborada com cuidado.
"O primeiro problema é fazer o mesmo material para diferentes faixas etárias e diferentes realidades", afirma a
psicanalista Suely Gevertz, do
Instituto Sedes Sapientiae.
"Uma garota de 13 anos pensa e
age de forma diferente de uma
de 17. E um menino de Alagoas
vive uma realidade distinta de
um de São Paulo."
Para a psicóloga Rosely Sayão, colunista da Folha, a agenda do MEC não tem sentido algum e erra ao querer ter linguagem forçosamente jovem.
"É coisa de adulto querendo ser
jovem, fica artificial. Não é preciso moralizar o estudante, assim como também não se deve
entrar na vida privada dele."
Ela acredita que a escola tem
de dar orientação, falar de afeto, mas nunca invadir a intimidade dos alunos. "Não vejo nenhum sentido educativo."
Envolvimento dos pais
Para Carlos Ramiro de Castro, presidente do sindicato dos
professores estaduais de São
Paulo (Sieessp), que deu aula
para uma turma de segundo
ano do ensino médio com 20
grávidas, não adianta entregar
agendas se o professor não for
preparado para falar sobre
orientação sexual. "Tem de envolver até os pais, afinal a educação sexual começa em casa."
Diretora-executiva do Instituto Kaplan-Centro de Estudos
da Sexualidade Humana, Maria
Helena Vilela afirma que o problema está no objetivo da proposta. "Materiais de órgãos oficiais precisam enviar mensagens com foco na educação, não
nas atitudes. Não adianta ser
legal e não educar", diz.
Para ela, o conteúdo da agenda não chega a incentivar os jovens a beijarem mais. "Esses
estímulos eles já têm. Alguns
pais, de famílias mais religiosas
ou conservadoras, até podem
ficar chocados. Mas não é aí que
está o problema, e sim na falta
de um projeto de orientação sexual consistente."
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