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ROSERLEY SALDIVA (1946-2009)
A pesquisadora viu surgirem rainhas na sucata
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Maria do Carmo e Laurinha Figueroa se engalfinham
no alto do edifício. Renato vê
tudo, sem interferir. Após arrancar o brinco de Maria do
Carmo, Laurinha diz: "Eu
nunca vou ser feliz com o
Edu, mas você também não
vai, sua sucateira ordinária".
Em seguida, atira-se do prédio, para incriminar a rival.
O desfecho acima passou
na TV em 1990, na novela
"Rainha da Sucata". Para escrevê-la, Silvio de Abreu baseou-se numa pesquisa comportamental feita pela amiga
e publicitária Rose Saldiva.
Como explica a socióloga
Maria Guadalupe Garcia,
que trabalhou em pesquisas
com Rose, o trabalho mostrava que o dinheiro, na época, estava mudando de mãos.
Maria do Carmo, interpretada por Regina Duarte, representava uma classe que
começava a escalar a pirâmide social. Laurinha, papel de
Glória Menezes, era a cara de
uma elite em decadência.
"Ela tinha acabado de refazer uma pesquisa, também
realizada nos anos 80, sobre
a cara de São Paulo", diz a socióloga. O resultado foi publicado na revista "Veja São
Paulo", no último dia 28.
Dos anos 70 até o começo
desta década, Rose teve uma
empresa com o irmão. Especializou-se em pesquisas
comportamentais, conta a
amiga Vera Artaxe. O irmão
morreu, e Rose desligou-se
da agência, mas continuou
trabalhando. Lançou livros.
Na quarta, morreu na capital, aos 62, após uma parada
cardíaca. Não deixa filhos.
obituario@grupofolha.com.br
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