São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2009

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Pelo menos três ex-servidores mudaram de lado

DA REPORTAGEM LOCAL

A proximidade entre servidores e empresas de merenda escolar, investigada pela Promotoria, já resultou na migração de ao menos três funcionários da gestão Serra/Kassab para as prestadoras do serviço.
Ontem, a Folha revelou que Sergio Ramos Jr., diretor da merenda escolar no município entre 2005 e 2007 e que havia requisitado formalmente a abertura de licitação, migrou logo em seguida para uma vencedora, a SP Alimentação -onde é hoje diretor em Recife.
A chefe dele na ocasião seguiu um caminho semelhante. Ex-coordenadora de gestão de bens e serviços e tida como principal cabeça do pregão que selecionou as empresas em maio de 2007, a advogada Erika Alves Oliver pediu demissão logo em seguida dizendo ter sido convidada para ser consultora de um grupo da merenda.
A Folha apurou que, na ocasião, a decisão foi vista pela cúpula da gestão Kassab como quebra de confiança, devido ao poder delegado a ela até então. O ex-secretário Januário Montone chegou a determinar uma revisão dos atos da funcionária para identificar problemas.
No final de 2007, contatada pela Folha, Erika Alves Oliver dizia que manteve reuniões na SP Alimentação, mas que não havia prestado nenhum serviço para a empresa até então.
Ontem a reportagem confirmou com funcionários que ela esteve nos últimos meses trabalhando na SP Alimentação e soube ainda que ela foi demitida no começo desta semana.
Procurada desde anteontem, Oliver não respondeu aos pedidos de entrevista da Folha.
Outro ex-funcionário que migrou para o setor privado foi Ricardo Quintiliano Basso. Ele trabalhou como assessor do gabinete do ex-secretário Januário Montone de novembro de 2005 a março de 2007, com a função de remodelar a contratação da merenda escolar.
Acabou contratado pela empresa Sistal, que também fornece merenda na rede, para prestar consultoria quatro meses depois -sendo inclusive indicado formalmente para manter contato com a prefeitura. Na época, Basso dizia não ver problema até porque ele não havia participado da elaboração das regras do edital.
A situação desses profissionais -inclusive a da nutricionista Joana D'Arc Pereira Mura, afastada ontem- é de conhecimento da gestão Kassab no mínimo há 14 meses.
Na ocasião, a Secretaria da Gestão foi questionada pela Folha (que citou os nomes) sobre eventual conflito de interesses na relação de ex-servidores com a iniciativa privada.
A pasta disse que "já havia diagnosticado esse problema" e que havia tomado providências para criar um grupo para implantar um código de ética para "balizar a conduta dos servidores" "sobretudo quando deixam a administração".
Até hoje, porém, nada saiu do papel. Ontem a pasta informou que a proposta foi submetida à análise da Procuradoria Geral do Município e está na assessoria jurídico-consultiva. (AI E JEC)


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