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DENGUE
Mais três óbitos confirmados no Estado elevam para 27 o total neste ano, contra os 24 em 12 meses do último grande surto
Mortes no Rio superam a epidemia de 91
MAURÍCIO THUSWOHL
DA SUCURSAL DO RIO
Três mortes confirmadas ontem
elevaram para 27 o número de
óbitos causados pela dengue no
Estado do Rio. Este número já supera as mortes registradas em
1991 -24 no ano todo- e confirma a atual epidemia como a mais
grave de todos os tempos.
Duas mortes ocorreram na capital. A terceira, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense). O total de notificações desde janeiro já
chega a 69.427, superando todo o
ano de 2000, quando foram registrados 64.975 casos da doença.
Até agora, na capital, já foram
confirmados 28.223 casos, sendo
372 da forma hemorrágica. Com
os dois novos registros, o número
de óbitos no município subiu para 21 (11 em janeiro, oito em fevereiro e dois em março).
As novas mortes por dengue
oficialmente confirmadas são de
Mara Regina Oliveira Peter, 45,
anteontem na clínica São Vicente,
e de A.M.P.A., 68, em 1º de março,
no hospital da Obra Portuguesa.
O boletim oficial da Secretaria
Municipal da Saúde ainda não inclui o caso de Linda Suzane Nunes, 49, que morreu na segunda.
Um total de 1.300 homens do
Exército e da Marinha começaram ontem a combater a dengue
no Estado. Os militares, que receberam treinamento de técnicos da
Funasa (Fundação Nacional de
Saúde), saíram às ruas para acabar com os focos do Aedes aegypti
e orientar a população sobre como prevenir a doença.
Houve solenidade de formatura
dos soldados na Vila Militar (zona
oeste), com a presença do ministro Barjas Negri, e do presidente
da Funasa, Mauro Ricardo Costa.
Segundo o ministro da Saúde,
um contingente de mil homens é
capaz de inspecionar 500 mil residências em um mês. A atuação
dos militares, programada para
durar dois meses, deve atingir,
portanto, 1 milhão de domicílios.
Isso representa quase um quarto
do total de residências do Estado
-4,75 milhões, segundo o IBGE.
Após a cerimônia, os soldados
se dividiram em grupos de dez e
começaram o trabalho. A maioria
foi deslocada para a Baixada Fluminense e para os municípios de
Niterói e São Gonçalo. Negri
acompanhou um grupo na inspeção de casas em Deodoro (zona
oeste), conversando com moradores e conferindo pessoalmente
se existiam focos nas residências.
A dona-de-casa Josefa da Silva,
49, recebeu com alegria a visita
dos novos agentes, mas questionou porque ela não ocorrera antes. "Eu e minha filha tivemos
dengue semana passada", disse.
Negri pediu à população que se
engaje no "Dia D do Combate à
Dengue", que acontecerá no sábado. Ele anunciou que outros mutirões semelhantes já estão confirmados para Goiânia e Recife. Ele
disse ainda que o governo prevê
para este ano um gasto, no mínimo, equivalente ao de 2001, quando teriam sido aplicados R$ 500
milhões no combate à doença.
Água suja
Segundo o entomologista Anthony Érico Guimarães, da Fiocruz, a localização de larvas do
Aedes Aegypti em água suja em
Recife não pode ainda ser considerada um indício de mutação ou
adaptação do mosquito, o que aumentaria em muito o risco de
proliferação da dengue. Guimarães afirmou ser possível a adaptação do mosquito à água suja,
mas não acha que o caso seja esse.
Ele disse ainda que mudanças
de comportamento são possíveis,
sem que isso represente uma alteração do conjunto da espécie:
"Todos sabem que o Aedes pica
apenas durante o dia. Mas já pudemos observar alguns indivíduos picando durante a noite".
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