São Paulo, quinta-feira, 07 de março de 2002

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DENGUE

Mais três óbitos confirmados no Estado elevam para 27 o total neste ano, contra os 24 em 12 meses do último grande surto

Mortes no Rio superam a epidemia de 91

MAURÍCIO THUSWOHL
DA SUCURSAL DO RIO

Três mortes confirmadas ontem elevaram para 27 o número de óbitos causados pela dengue no Estado do Rio. Este número já supera as mortes registradas em 1991 -24 no ano todo- e confirma a atual epidemia como a mais grave de todos os tempos.
Duas mortes ocorreram na capital. A terceira, em Duque de Caxias (Baixada Fluminense). O total de notificações desde janeiro já chega a 69.427, superando todo o ano de 2000, quando foram registrados 64.975 casos da doença.
Até agora, na capital, já foram confirmados 28.223 casos, sendo 372 da forma hemorrágica. Com os dois novos registros, o número de óbitos no município subiu para 21 (11 em janeiro, oito em fevereiro e dois em março).
As novas mortes por dengue oficialmente confirmadas são de Mara Regina Oliveira Peter, 45, anteontem na clínica São Vicente, e de A.M.P.A., 68, em 1º de março, no hospital da Obra Portuguesa. O boletim oficial da Secretaria Municipal da Saúde ainda não inclui o caso de Linda Suzane Nunes, 49, que morreu na segunda.
Um total de 1.300 homens do Exército e da Marinha começaram ontem a combater a dengue no Estado. Os militares, que receberam treinamento de técnicos da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), saíram às ruas para acabar com os focos do Aedes aegypti e orientar a população sobre como prevenir a doença.
Houve solenidade de formatura dos soldados na Vila Militar (zona oeste), com a presença do ministro Barjas Negri, e do presidente da Funasa, Mauro Ricardo Costa.
Segundo o ministro da Saúde, um contingente de mil homens é capaz de inspecionar 500 mil residências em um mês. A atuação dos militares, programada para durar dois meses, deve atingir, portanto, 1 milhão de domicílios. Isso representa quase um quarto do total de residências do Estado -4,75 milhões, segundo o IBGE.
Após a cerimônia, os soldados se dividiram em grupos de dez e começaram o trabalho. A maioria foi deslocada para a Baixada Fluminense e para os municípios de Niterói e São Gonçalo. Negri acompanhou um grupo na inspeção de casas em Deodoro (zona oeste), conversando com moradores e conferindo pessoalmente se existiam focos nas residências.
A dona-de-casa Josefa da Silva, 49, recebeu com alegria a visita dos novos agentes, mas questionou porque ela não ocorrera antes. "Eu e minha filha tivemos dengue semana passada", disse.
Negri pediu à população que se engaje no "Dia D do Combate à Dengue", que acontecerá no sábado. Ele anunciou que outros mutirões semelhantes já estão confirmados para Goiânia e Recife. Ele disse ainda que o governo prevê para este ano um gasto, no mínimo, equivalente ao de 2001, quando teriam sido aplicados R$ 500 milhões no combate à doença.

Água suja
Segundo o entomologista Anthony Érico Guimarães, da Fiocruz, a localização de larvas do Aedes Aegypti em água suja em Recife não pode ainda ser considerada um indício de mutação ou adaptação do mosquito, o que aumentaria em muito o risco de proliferação da dengue. Guimarães afirmou ser possível a adaptação do mosquito à água suja, mas não acha que o caso seja esse.
Ele disse ainda que mudanças de comportamento são possíveis, sem que isso represente uma alteração do conjunto da espécie: "Todos sabem que o Aedes pica apenas durante o dia. Mas já pudemos observar alguns indivíduos picando durante a noite".



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