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São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2003

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BARBARA GANCIA

Salvador amaldiçoa bigode do Rio de Janeiro!

De hoje em diante, se algum dono de padaria me azucrinar, já sei como me defender. Vou fazer como o emissário do Iraque que, na reunião de cúpula dos países árabes, gritou para o colega do Kuait: "Cale a boca, seu macaco! Eu amaldiçôo o seu bigode!". E eu, muito da invejosa, amaldiçôo a cinturinha de pilão da Luana Piovani. "Cale a boca, sua ema! Tome a minha, que eu fico com a sua!"
Para os árabes, o bigode é a honra. Mas o que será que acontece, de fato, com um bigode amaldiçoado? Será que ele toma a forma do bigode do Hitler e nunca mais vai embora? Antes de mudar de assunto, posso amaldiçoar só mais uma coisinha? Pois eu amaldiçôo os dedos da Angélica, da Joana Prado e da Gretchen. Vão ter dedo ruim assim para homem lá em Bagdá!
De hoje em diante, o leitor pode puxar minha língua se eu usar este espaço para desfazer de baiano. Piadinhas como: "Sabe por que baiano gosta de sarapatel? Porque já vem digerido" ou "na Bahia só existem três velocidades: devagar, parado e Dorival Caymmi" estão terminantemente proibidas aqui.
Sabe quanto custa uma água-de-coco em um hotel cinco estrelas de Salvador? Módicos R$ 2,50. Está certo que o Rio não tem coqueiro, mas eu já vi coco por US$ 5 em Angra dos Reis. Sabia que o asfalto da região central de Salvador é mais liso do que asfalto suíço? E que tem rebaixamento de guia para cadeira de rodas em todas as esquinas? Neste Carnaval, no percurso dos trios elétricos, havia um posto policial a cada 50 metros e fiscais da saúde pública e policiais em fila indiana andando de lá para cá sem parar, todos com o número de identificação bem visível no peito.
Lembro alguns anos atrás, quando cheguei à Praia do Forte, sentei embaixo do coqueiral e pedi uma água-de-coco e o garçom respondeu melancólico: "Tem não". Pois, hoje, a Bahia está muito mais bem preparada para o turismo do que o Rio. Enquanto os cariocas ficaram olhando para o próprio umbigo e falando mal do resto do Brasil, os baianos arregaçaram as mangas e transformaram o Carnaval de Salvador em uma festa para o mundo todo.
Você não gosta de música de Carnaval? Pois saiba que do camarote da fábrica de charutos que me convidou, vi trios elétricos tocando salsa, rock, pop e até jazz! Tem mais: na Bahia, ninguém cai do trio elétrico. O único senão ficou por conta dos traques de acarajé da paulistada desacostumada do dendê no avião da volta!


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