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BARBARA GANCIA
Salvador amaldiçoa bigode do Rio de Janeiro!
De hoje em diante, se algum dono de padaria me
azucrinar, já sei como me defender. Vou fazer como o emissário
do Iraque que, na reunião de cúpula dos países árabes, gritou para o colega do Kuait: "Cale a boca, seu macaco! Eu amaldiçôo o
seu bigode!". E eu, muito da invejosa, amaldiçôo a cinturinha de
pilão da Luana Piovani. "Cale a
boca, sua ema! Tome a minha,
que eu fico com a sua!"
Para os árabes, o bigode é a
honra. Mas o que será que acontece, de fato, com um bigode
amaldiçoado? Será que ele toma
a forma do bigode do Hitler e
nunca mais vai embora? Antes de
mudar de assunto, posso amaldiçoar só mais uma coisinha? Pois
eu amaldiçôo os dedos da Angélica, da Joana Prado e da Gretchen.
Vão ter dedo ruim assim para homem lá em Bagdá!
De hoje em diante, o leitor pode
puxar minha língua se eu usar este espaço para desfazer de baiano.
Piadinhas como: "Sabe por que
baiano gosta de sarapatel? Porque já vem digerido" ou "na Bahia só existem três velocidades:
devagar, parado e Dorival Caymmi" estão terminantemente proibidas aqui.
Sabe quanto custa uma água-de-coco em um hotel cinco estrelas de Salvador? Módicos R$ 2,50.
Está certo que o Rio não tem coqueiro, mas eu já vi coco por US$
5 em Angra dos Reis. Sabia que o
asfalto da região central de Salvador é mais liso do que asfalto suíço? E que tem rebaixamento de
guia para cadeira de rodas em todas as esquinas? Neste Carnaval,
no percurso dos trios elétricos, havia um posto policial a cada 50
metros e fiscais da saúde pública e
policiais em fila indiana andando
de lá para cá sem parar, todos
com o número de identificação
bem visível no peito.
Lembro alguns anos atrás,
quando cheguei à Praia do Forte,
sentei embaixo do coqueiral e pedi uma água-de-coco e o garçom
respondeu melancólico: "Tem
não". Pois, hoje, a Bahia está
muito mais bem preparada para
o turismo do que o Rio. Enquanto
os cariocas ficaram olhando para
o próprio umbigo e falando mal
do resto do Brasil, os baianos arregaçaram as mangas e transformaram o Carnaval de Salvador
em uma festa para o mundo todo.
Você não gosta de música de
Carnaval? Pois saiba que do camarote da fábrica de charutos
que me convidou, vi trios elétricos
tocando salsa, rock, pop e até jazz!
Tem mais: na Bahia, ninguém cai
do trio elétrico. O único senão ficou por conta dos traques de acarajé da paulistada desacostumada do dendê no avião da volta!
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