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Therezinha Deutsch e a tradução nata
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
A biblioteca até era grande,
mas a demanda cresceu tanto, desde que abrira as portas
a amigos e desconhecidos,
que Therezinha Monteiro
Deutsch organizou um sistema de empréstimos. Anotava, ela mesma, em um velho
caderno, quem pegava o quê.
"Tinha prazer em vê-los ler."
Nasceu em São Paulo entre os livros do pai, Jeronymo Monteiro -considerado
o "pai da ficção científica
brasileira" e colunista da Folha desde 1957. Quando ele
morreu, em 1970, sua coluna
"Panorama" passou para as
mãos da filha. Mas diz o viúvo que mesmo antes de o pai
morrer, eram os textos dela
que preenchiam a coluna de
curiosidades científicas.
Therezinha começou a
carreira bem antes, no início
dos anos 1950, quando foi assistente do núcleo de revistas femininas da editora
Abril. Trabalhou muitos
anos na "Capricho" e saiu para dedicar-se ao metiê preferido, a tradução.
Fluente em cinco línguas,
traduzia artigos, matérias e
livros, em todas elas. "Tinha
uma facilidade absurda para
aprender idiomas", mesmo
sem ter feito faculdade. Em
casa, lembra a família, cantarolava ora em francês, ora
em inglês, e logo então em
espanhol. "Era nato nela".
Quando não estava debruçada sobre dicionários, velejava com o marido no barco
Quick, na represa de Guarapiranga -até 1996, quando
pioraram as crises do enfisema. Só então parou de fumar.
Morreu no dia 1º de março,
em casa, como queria. Quatro anos antes completara os
75 anos com uma festa, com
o marido, os dois filhos, a neta e um bolo com velinhas.
obituario@folhasp.com.br
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