São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Therezinha Deutsch e a tradução nata

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A biblioteca até era grande, mas a demanda cresceu tanto, desde que abrira as portas a amigos e desconhecidos, que Therezinha Monteiro Deutsch organizou um sistema de empréstimos. Anotava, ela mesma, em um velho caderno, quem pegava o quê. "Tinha prazer em vê-los ler."
Nasceu em São Paulo entre os livros do pai, Jeronymo Monteiro -considerado o "pai da ficção científica brasileira" e colunista da Folha desde 1957. Quando ele morreu, em 1970, sua coluna "Panorama" passou para as mãos da filha. Mas diz o viúvo que mesmo antes de o pai morrer, eram os textos dela que preenchiam a coluna de curiosidades científicas.
Therezinha começou a carreira bem antes, no início dos anos 1950, quando foi assistente do núcleo de revistas femininas da editora Abril. Trabalhou muitos anos na "Capricho" e saiu para dedicar-se ao metiê preferido, a tradução.
Fluente em cinco línguas, traduzia artigos, matérias e livros, em todas elas. "Tinha uma facilidade absurda para aprender idiomas", mesmo sem ter feito faculdade. Em casa, lembra a família, cantarolava ora em francês, ora em inglês, e logo então em espanhol. "Era nato nela".
Quando não estava debruçada sobre dicionários, velejava com o marido no barco Quick, na represa de Guarapiranga -até 1996, quando pioraram as crises do enfisema. Só então parou de fumar.
Morreu no dia 1º de março, em casa, como queria. Quatro anos antes completara os 75 anos com uma festa, com o marido, os dois filhos, a neta e um bolo com velinhas.


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