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Caçada de 5 meses leva à prisão de serial killer
Exames de DNA associados a análises de perfis psiquiátricos dos suspeitos levaram polícia a Marcos Antunes Trigueiro, 31
Médicos acreditam que Trigueiro, réu confesso dos crimes, escolhia vítimas
a partir da semelhança
física delas com sua mãe
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM BELO HORIZONTE
Marcos Antunes Trigueiro,
31, estava embaixo da cama no
barracão alugado onde morava
com a mulher, em Contagem,
região metropolitana de Belo
Horizonte, quando a polícia
chegou. No dia 24 de fevereiro,
encerrava-se uma caçada de
mais de cinco meses ao homem
apontado como responsável pelo estupro e estrangulamento de
ao menos cinco mulheres.
Pintor desempregado, ensino
primário incompleto, agredido
pelo pai na infância, já condenado por furto, pai de cinco filhos
de dois a nove anos, Trigueiro,
diz a polícia, virou algo mais do
que um criminoso. A especialista em perfil criminal Ilana Casoy, que ajudou no caso, diz que
ele é um serial killer clássico.
Segundo a polícia, assim que o
exame confirmou que o seu
DNA batia com o coletado em
espermas achados em três vítimas, Trigueiro confessou os crimes, ocorridos de janeiro a novembro de 2009, mas não falou
claramente sobre motivações.
Seu advogado, Rodrigo Bozzatto, diz que ele não tinha intenção de matar as vítimas, "só
desmaiá-las", e que quer levá-lo
a júri popular em três meses.
As vítimas eram todas morenas claras, de classe média. Segundo a polícia, estavam em carros com vidro com película escura. Ele as abordava com uma
arma de verdade ou uma réplica,
assumia a direção e as levava para um lugar ermo. Lá, fazia sexo
com as vítimas no banco de trás.
Em seguida, as estrangulava
com o que estivesse à mão. Por
fim, recolocava as roupas nas
mulheres e ia embora apenas
com o celular das vítimas, uma
espécie de "troféu". Em um dos
casos, fez isso tudo na frente de
um bebê de um ano, que foi deixado no colo da mãe morta.
Quebra-cabeça
A conexão entre os crimes
surgiu em setembro, quando
sua terceira vítima foi morta.
Em novembro, foi confirmado
que os espermas encontrados
eram do mesmo homem.
Convidada pelo delegado
Frederico Abelha, chefe das investigações, Ilana Casoy disponibilizou métodos de investigação específicos para casos de
assassinatos em série, como estilos de entrevistas com testemunhas e familiares das vítimas e check-list de evidências.
Depois, ela mapeou todos os
assaltantes e estupradores da
região. Ao cruzar os dados com
um retrato falado, chegou-se a
três suspeitos -entre eles, Trigueiro, que já havia cumprido
pena por furto.
Os psiquiatras do Instituto
Médico Legal de Belo Horizonte trabalham com a possibilidade de que a escolha das vítimas
seja motivada pela semelhança
física com a mãe do suspeito.
Uma outra possível motivação foi um trauma sofrido em
2005, quando, após ser baleado, sofreu uma colostomia
(abertura cirúrgica no abdômen para a eliminação de fezes). Os estupros seriam uma
forma de compensar um complexo de inferioridade.
No entanto, uma mulher
procurou a polícia durante a semana dizendo ter sido atacada
por Trigueiro em 1997.
Um laudo vai ser produzido
por dois psiquiatras do IML para descobrir se ele tinha consciência de seus atos.
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