São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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Caçada de 5 meses leva à prisão de serial killer

Exames de DNA associados a análises de perfis psiquiátricos dos suspeitos levaram polícia a Marcos Antunes Trigueiro, 31

Médicos acreditam que Trigueiro, réu confesso dos crimes, escolhia vítimas a partir da semelhança física delas com sua mãe

BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Marcos Antunes Trigueiro, 31, estava embaixo da cama no barracão alugado onde morava com a mulher, em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, quando a polícia chegou. No dia 24 de fevereiro, encerrava-se uma caçada de mais de cinco meses ao homem apontado como responsável pelo estupro e estrangulamento de ao menos cinco mulheres.
Pintor desempregado, ensino primário incompleto, agredido pelo pai na infância, já condenado por furto, pai de cinco filhos de dois a nove anos, Trigueiro, diz a polícia, virou algo mais do que um criminoso. A especialista em perfil criminal Ilana Casoy, que ajudou no caso, diz que ele é um serial killer clássico.
Segundo a polícia, assim que o exame confirmou que o seu DNA batia com o coletado em espermas achados em três vítimas, Trigueiro confessou os crimes, ocorridos de janeiro a novembro de 2009, mas não falou claramente sobre motivações.
Seu advogado, Rodrigo Bozzatto, diz que ele não tinha intenção de matar as vítimas, "só desmaiá-las", e que quer levá-lo a júri popular em três meses.
As vítimas eram todas morenas claras, de classe média. Segundo a polícia, estavam em carros com vidro com película escura. Ele as abordava com uma arma de verdade ou uma réplica, assumia a direção e as levava para um lugar ermo. Lá, fazia sexo com as vítimas no banco de trás.
Em seguida, as estrangulava com o que estivesse à mão. Por fim, recolocava as roupas nas mulheres e ia embora apenas com o celular das vítimas, uma espécie de "troféu". Em um dos casos, fez isso tudo na frente de um bebê de um ano, que foi deixado no colo da mãe morta.

Quebra-cabeça
A conexão entre os crimes surgiu em setembro, quando sua terceira vítima foi morta. Em novembro, foi confirmado que os espermas encontrados eram do mesmo homem.
Convidada pelo delegado Frederico Abelha, chefe das investigações, Ilana Casoy disponibilizou métodos de investigação específicos para casos de assassinatos em série, como estilos de entrevistas com testemunhas e familiares das vítimas e check-list de evidências.
Depois, ela mapeou todos os assaltantes e estupradores da região. Ao cruzar os dados com um retrato falado, chegou-se a três suspeitos -entre eles, Trigueiro, que já havia cumprido pena por furto.
Os psiquiatras do Instituto Médico Legal de Belo Horizonte trabalham com a possibilidade de que a escolha das vítimas seja motivada pela semelhança física com a mãe do suspeito.
Uma outra possível motivação foi um trauma sofrido em 2005, quando, após ser baleado, sofreu uma colostomia (abertura cirúrgica no abdômen para a eliminação de fezes). Os estupros seriam uma forma de compensar um complexo de inferioridade.
No entanto, uma mulher procurou a polícia durante a semana dizendo ter sido atacada por Trigueiro em 1997.
Um laudo vai ser produzido por dois psiquiatras do IML para descobrir se ele tinha consciência de seus atos.


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