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Remoção de famílias é o maior desafio, diz secretaria
Pelo novo projeto, 60 mil pessoas terão de sair de casa
DA REPORTAGEM LOCAL
Tudo é superlativo no projeto do parque Várzeas do Tietê,
tocado pelo governo do Estado.
É o maior parque linear do
mundo, segundo seus realizadores, com 75 km de extensão e
107 km2 de área. Em todo o espaço, foram construídos uma
ciclovia de 230 km, 129 quadras e 77 campos de futebol.
Para ser concluído, o projeto
exigirá um investimento de
cerca de R$ 1,7 bilhão -valor
equivalente a algo em torno de
um terço do custo total do trecho sul do Rodoanel, obra de
R$ 4,5 bilhões. Também será
necessário remover de suas casas cerca de 60 mil pessoas.
"É a parte mais difícil do projeto", reconhece Dilma Pena,
secretária de Saneamento e
Energia do governo estadual.
A dificuldade é que os moradores não querem deixar a várzea do Tietê. A Prefeitura de
São Paulo, que coordena o trabalho de remoção em áreas da
capital, tem encontrado dificuldades para convencer a deixar suas casas entre 7.000 e
7.500 famílias que estão nos
Jardins Pantanal, Romano e
imediações, apesar dos recorrentes problemas com enchentes que os moradores dessas regiões têm enfrentado a cada dia
de chuva mais forte na cidade.
Segundo a Secretaria de Saneamento do Estado, o melhor
antídoto para essa dificuldade
é o consenso que existe entre
os prefeitos das cidades afetadas pela ocupação ilegal que as
várzeas do Tietê não devem
continuar mais ocupadas.
"Beleza"
O arquiteto Ruy Ohtake diz
que as famílias vão se convencer a sair ao verem a "beleza" do
projeto que está sendo executado e o local onde vão morar
-ainda não definido. Em 1974,
quando foi feito o projeto original, não havia favelas na área,
de acordo com ele.
Outra estratégia de Ohtake é
envolver os moradores na criação do parque. O primeiro dos
núcleos do futuro parque, chamado Jacuí, foi projetado "junto com a comunidade", segundo Ohtake. "Tudo foi discutido
com a população. Foi a comunidade que sugeriu a pista de bicicross e uma área maior para a
terceira idade", relata.
O primeiro núcleo custou
cerca de R$ 35 milhões, pagos
pela Dersa como compensação
ambiental pelas obras da nova
Marginal, e deve ser inaugurado no próximo mês.
O custo total do projeto, de
R$ 1,7 bilhão, é outra dificuldade, já que nunca foi construído
no país um parque que exigisse
essa quantidade de recursos.
A secretaria diz ter um terço
dos recursos exigidos (cerca de
R$ 600 milhões). O R$ 1,1 milhão restante deve vir por meio
de financiamento do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Se tudo der certo,
a previsão da secretaria é que o
parque fique pronto em 2016.
(MARIO CESAR CARVALHO)
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