São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Divulgação irrita ouvidor

da Reportagem Local

A divulgação de uma lista com os nomes de 262 policiais supostamente envolvidos com o tráfico de drogas em São Paulo abriu uma crise ontem entre a Ouvidoria da Polícia do Estado, a CPI estadual do Narcotráfico e a Secretaria da Segurança Pública.
Segundo o ouvidor, Benedito Domingos Mariano, existe uma mobilização para desestabilizar a ouvidoria. Para ele, o vazamento das informações sobre os policiais foi uma "leviandade" com o objetivo de atingir o órgão.
De acordo com o ouvidor, a Procuradoria Geral do Estado, a Secretaria da Segurança Pública e o presidente da CPI, deputado estadual Dimas Ramalho (PPS), tinham cópias da lista. Ele mostrou cópias de ofícios informando às três autoridades que se tratavam de relatório confidencial.
Segundo Mariano, a articulação contra a ouvidoria partiria de pessoas que têm preocupação com a transparência que o órgão impõe às Polícias Civil e Militar. "É gente que não gosta da ouvidoria."
Ontem de manhã, Mariano esteve reunido com o secretário da Segurança, Marco Vinicio Petrelluzzi. "Ele não demonstrou preocupação, mas eu fui informá-lo de que não foi a ouvidoria que forneceu a lista de denunciados."
Mariano considerou um desrespeito aos policiais a divulgação da lista, já que 79% dos casos ainda não foram apurados. "Isso vai atrapalhar as investigações e expor policiais indevidamente."
Segundo o ouvidor, a lista completa tem 491 nomes. Os 262 que foram divulgados são apenas a parte que a CPI do Narcotráfico recebeu.
"Não posso acusar a CPI porque tenho a palavra do presidente de que os deputados não vazaram a informação", disse Mariano.
"Não gostamos do vazamento. Jamais algum deputado divulgaria a lista, porque todos os nomes estão sendo investigados por nós. Recebemos a lista há um mês e estávamos preparando convocações de alguns dos nomes", disse Dimas Ramalho.
O deputado argumentou que agora a consequência da divulgação da lista deve ser a agilização dos afastamentos de policiais. "Não queremos desestabilizar a ouvidoria nem a Secretaria da Segurança, só queremos a punição dos maus policiais", afirmou.
O secretário da Segurança Pública, Marco Vinicio Petrelluzzi, não atendeu a Folha ontem para comentar o caso.


Texto Anterior: Segurança pública: Banda podre abre crise na polícia de SP
Próximo Texto: Delegado vê ação antipolícia
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.