São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENSINO SUPERIOR

Decisão determina readmissão de 211 docentes demitidos em razão da crise; instituição pretende recorrer

Justiça manda PUC recontratar professores

FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

O TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo) determinou ontem que a PUC-SP readmita imediatamente os 211 professores cortados em fevereiro devido à pior crise financeira da universidade. Cabe recurso no Tribunal Superior do Trabalho.
O não-cumprimento da decisão implicará o pagamento de multa diária de R$ 1.000, destinada ao Hospital dos Pobres de Sorocaba, sustentado pela Fundação São Paulo, mantenedora da PUC.
A universidade informou que ainda não foi notificada, mas que vai recorrer. Enquanto isso, disse que cumprirá a decisão.
"Se isso não for revertido, será o fim da PUC. Não haverá como a universidade se manter", afirmou o secretário de comunicação da Arquidiocese de São Paulo (responsável pela Fundação São Paulo), padre Juarez de Castro.
As demissões na PUC ocorreram para acabar com um déficit mensal de R$ 4,3 milhões -uma exigência dos bancos a quem a universidade deve R$ 82 milhões.
Os cortes foram feitos em duas fases. Na primeira, os nomes foram decididos internamente e se chegou a 261 demissões, o que representou 75% da meta financeira. Como os bancos não aceitaram esse montante, o arcebispo de São Paulo, dom Cláudio Hummes, decidiu que dois padres seriam os responsáveis para fazer novo corte -de 211 professores. A decisão de ontem refere-se a essa segunda etapa dos cortes.
O Sinpro-SP (sindicato dos professores de São Paulo) e a Apropuc alegaram três pontos na ação no TRT-SP. O primeiro é que houve abuso do direito de demitir. As entidades afirmaram que o saneamento de uma instituição não pode ser feita apenas por meio de demissões.
O segundo é que o Conselho Universitário (principal instância da PUC-SP) revogou o corte feito pela Fundação São Paulo, por entender que houve uma intervenção na universidade.
O terceiro ponto alegado foi que os professores já estavam com estabilidade. Isso porque as aulas deveriam ter começado em 13 de fevereiro. As demissões começaram a ser feitas no dia 17 daquele mês -três dias antes do início do período letivo, porém, a PUC adiou as aulas para 2 de março. O entendimento dos professores é que o ano letivo já estava vigente, o que dá estabilidade ao docente.
O professor de sociologia Joaquim Pedro de Souza Campos, demitido após 43 anos na universidade, afirmou que a readmissão é "justa". "Estou contente de voltar para rever amigos e assombrar ex-amigos e adversários."


Texto Anterior: Mortes
Próximo Texto: Panorâmica - Administração: Dívida com a prefeitura pode ser parcelada
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.