São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

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Libertação de casal não afeta inquérito, diz defesa

Advogados do pai e da madrasta de Isabella pretendem pedir hoje à Justiça que o casal seja libertado

Para promotor, se forem soltos, eles poderão influenciar testemunhas e alterar o local do crime, atrapalhando a polícia

LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Advogados de defesa pretendem entrar hoje na Justiça com pedido de habeas corpus para que o casal Alexandre Alves Nardoni, 29, e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá, 24, respondam em liberdade ao inquérito sobre a morte da menina Isabella de Oliveira Nardoni, 5. Eles estão presos desde quinta-feira.
O promotor Francisco José Taddei Cembranelli disse acreditar que, se o casal for solto, poderá influenciar testemunhas e alterar o local do crime, atrapalhando a polícia.
"O habeas corpus está baseado na falta de elementos que caracterizam os requisitos legais [para a decretação de prisão temporária]. Foi uma prisão precipitada", disse o advogado Marco Polo Levorin.
Levorin afirmou ainda que o pedido para que o casal responda ao inquérito em liberdade é baseado nos fatos de que Nardoni e sua mulher, segundo ele, não coagiram testemunhas, não abandonaram o local do crime e não impediram a produção de qualquer tipo de prova. "Não há elementos que coloquem em risco as investigações do inquérito policial."
Já o promotor Cembranelli acredita que a liberdade do casal "provavelmente prejudicaria um pouco" as investigações. Ele afirmou que um dos principais argumento que basearam o pedido de prisão temporária foi impedir que o casal alterasse o apartamento, prejudicando as perícias complementares que foram realizadas durante a última semana.
"A perícia teria que pedir licença para o casal [a fim de entrar no apartamento] para colher elementos e veria o local completamente alterado. O local felizmente foi preservado, o carro continua lacrado. O apartamento não está sendo aberto por ninguém. Tudo isso está sendo importante para essas diligências finais. Imagine que dificuldade seria se o casal estivesse lá", afirmou o promotor.
Cembranelli disse também que o casal se encontraria com outros moradores -que devem ser ouvidos como testemunhas- no elevador do prédio e em áreas de convivência.
"Com toda essa repercussão que o caso tomou seria muito complicado colocá-los em contato com as pessoas. Não estou dizendo que eles iriam ameaçar ninguém, mas haveria um constrangimento natural. Muitos moradores ainda vão ser chamados para depor. Esse foi um dos fundamentos que justificaram o pedido [de prisão]."
O promotor disse também que o pedido de prisão temporária foi feito com base em contradições dos depoimentos do casal à polícia. Em entrevista à TV Globo, na noite de ontem, o advogado Levorin contestou duas dessas contradições. Afirmou que ao contrário do que havia dito o Ministério Público, seu cliente teria comunicado à polícia ter visto manchas de sangue no apartamento. Disse também que Nardoni não deu depoimento dizendo que a porta do apartamento havia sido arrombada. A versão de que Nardoni havia falado sobre arrombamento foi dada por testemunhas.
A polícia já ouviu pelo menos 15 testemunhas no inquérito. Duas delas disseram ter ouvido Isabella gritar as palavras "pára pai", o que levou a polícia à hipótese de que ela poderia ter sido agredida. Um casal disse que ouviu uma discussão vinda do apartamento dos suspeitos -o que é contraditório com o depoimento de Nardoni, que afirmou ter subido ao apartamento somente com Isabella.
"O conteúdo dos depoimentos precisam ser analisados no corpo de todas as provas, você não pode pensar em só uma informação", disse Levorin.


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