São Paulo, domingo, 07 de maio de 2000


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SORTEIO NA TV
Diretores da empresa dizem que há divergências sobre a regulamentação do Ministério da Justiça
Top Vida alega ter prazo de 180 dias

em São Paulo

da Reportagem Local

Os diretores da Top Vida entendem que há divergências na regulamentação do Ministério da Justiça sobre os prazos para a entrega dos prêmios e que podem pagar os sorteados em até 180 dias.
Esse é o prazo do regulamento do ministério para que os participantes reclamem os prêmios. Vencido esse período, não havendo ganhador, o valor correspondente à premiação tem de ser entregue ao governo federal.
Segundo os advogados da empresa, há dificuldade em certos casos para se localizar os ganhadores em apenas 30 dias após o sorteio. No plano de promoção apresentado ao ministério, no entanto, a Top Vida assume a responsabilidade de prestar contas aos ganhadores um mês após o fim dos sorteios.
As explicações sobre as irregularidades na Top Vida e sobre o suposto envolvimento do deputado Waldemar Alves Faria Júnior (PMDB) com a empresa foram respondidas por escrito anteontem pelos advogados Henrique Lélis Vieira dos Santos e Paulo Roberto Inocêncio. As dúvidas foram esclarecidas pelo telefone.
Em carta assinada pelos advogados, o deputado diz que está à disposição para esclarecer as dúvidas, mas só depois de amanhã.
""Não é possível realizar hoje (anteontem) a entrevista, em razão de compromissos anteriormente assumidos, entre eles o aniversário de sua esposa (do deputado)", explica a carta.
O deputado foi procurado pela Folha na tarde de quinta-feira. Ele exigiu que as perguntas fossem enviadas por fax e seus advogados responderam parte delas.

POLÍCIA -
Os diretores da Top Vida consideraram infundadas as informações levadas à polícia pela Companhia Excelsior de Seguros, que registrou queixa dizendo que uma das cartelas (5ª edição) foi vendida com apólice de seguro sem cobertura. ""A Excelsior esqueceu que autorizou a comercialização reclamada", afirma o texto divulgado.

SORTEIO -
Os advogados disseram ainda que a gravação do último sorteio da série verde, que a Folha tentou acompanhar, foi feita na noite do dia 28, um dia antes de ser levada ao ar pela Rede Bandeirantes, no endereço da produtora MKD, onde a Folha esteve, inclusive à noite. Santos não soube informar o horário da gravação.
A empresa afirmou ter trocado de auditoria porque não encontrou o auditor. A Folha esteve com ele à tarde na MKD, no horário do sorteio cancelado.
A empresa Honda Consultores Tributários fez a auditoria e aparece no informe publicitário levado ao ar no sábado pela TV.
Os advogados dizem que o sorteio foi aberto ao público e que não havia obrigatoriedade de mostrar os prêmios publicamente, apesar de constar das cartelas o endereço onde será feita a exibição, conforme exige o Ministério da Justiça.
Ricardo Souto, que se identificou à Folha como organizador do sorteio e responsável por avisar os premiados, não participa da promoção da Top Vida, segundo a carta explicativa dos diretores. Dois ganhadores que estão com dificuldade para receber a premiação disseram ter falado com ele por telefone sobre o problema.

PREMIADO -
O desempregado Justo Martinez de Morais ganhou um carro zero-quilômetro e mais R$ 7.000 em barras de ouro, segundo os organizadores. Ele foi descoberto pela reportagem e não conseguia saber se havia sido sorteado. A Top Vida já teria entrado em contato com ele.
Segundo os advogados, todos os ganhadores estão sendo ""devidamente informados e estão recebendo os prêmios no prazo".
Segundo a assessoria jurídica da Top Vida, os sorteios deixaram de ser veiculados pela TV Record devido à diferença de preço do espaço publicitário.

DONOS -
Os proprietários da empresa Top Projetos Sociais Ltda. são atualmente Sidnei Octaviani e Carlos Marcelo Oliveira Silva, conforme consta do cadastro de registros da Junta Comercial do Estado de São Paulo.
Para Santos, um dos advogados que respondeu às perguntas, o endereço que aparece no mesmo cadastro está errado. No local, a reportagem encontrou dois cômodos nos fundos de um salão de cabeleireiros.
""Não podemos fornecer o atual endereço por enquanto", disse.
A mudança no contrato teria sido feita em fevereiro, mas a alteração não consta dos registros da Junta Comercial pesquisados.
Os advogados também negaram que outras empresas ligadas ao deputado Faria Júnior tivessem usado o mesmo endereço, apesar de o cadastro da junta mostrar o contrário. A Abba Produções e Participações Ltda. alterou sua sede em 17 de dezembro de 97 para a mesma casa usada hoje pela Top Vida. A localização só foi mudada de novo em novembro de 99.
Os advogados chamaram de ""mentirosa ou equivocada" a informação de que a cartela da Top Vida é comercializada pela GIF Participações e Investimentos Ltda., que fica em Barueri (Grande São Paulo) e pertence ao deputado. Mas a Folha apurou que o prédio abrigava o serviço de atendimento ao público (0800) e servia como sede de trabalho para a direção da Top Vida.


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