São Paulo, segunda-feira, 07 de maio de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RESSACA
Ondas de mais de 4 m interditaram avenida na zona sul no Rio; em São Sebastião (SP), pelo menos 180 estão desabrigados
Mar sobe e causa inundações em SP, RJ e PR

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Arpoador, uma das praias da zona sul do Rio de Janeiro atingidas por ondas altas e ventos fortes


DA SUCURSAL DO RIO

FREE-LANCE PARA A FOLHA VALE

Uma forte ressaca atingiu ontem várias praias do Rio de Janeiro, do litoral de São Paulo e do Paraná, interditando ruas e avenidas e deixando desabrigados.
No Rio, os pontos mais críticos foram as regiões ribeirinhas das ilhas do Governador e do Fundão ( zona norte), onde o aumento do nível do mar fez subir também o nível dos rios que desembocam na baía da Guanabara.
Com isso, pelo menos 20 casas foram invadidas. Segundo a Defesa Civil do município, as comunidades atingidas foram Vila Ipiranga, Parque Royal, Vigário Geral e Fundão. Não há desabrigados nem consequências graves, disse o coordenador-adjunto da Defesa Civil, Moacir Mariano.
Atingidas por ondas de mais de quatro metros de altura, as duas pistas da avenida Delfim Moreira, em frente à praia do Leblon (zona sul) ficaram interditadas durante grande parte do dia. Ipanema e Copacabana também foram castigadas pela ressaca.
Os banhistas foram impedidos pelo G-Mar (Grupamento Marítimo do Corpo de Bombeiros) de chegar perto das praias. Helicópteros do Corpo de Bombeiros tiraram do mar 11 surfistas, que, apesar da proibição, entraram na água para aproveitar as ondas.
Na Barra da Tijuca (zona oeste), o início da avenida Sernambetiba também teve de ser interditado. Foram afetadas ainda as cidades de Rio das Ostras e Macaé (litoral norte do Estado).

SP e PR
Ondas de até 3,5 metros de altura atingiram ontem as cidades de São Sebastião e Caraguatatuba (litoral norte de SP). A água do mar desalojou pelo menos 180 pessoas. Famílias que perderam tudo foram abrigadas em uma creche.
Segundo o coordenador da Defesa Civil de São Sebastião, coronel Rui Rodrigues de Lima, a ressaca ocorre todos os anos, mas foi mais intensa desta vez.
A situação mais crítica em São Sebastião foi registrada no bairro Canto do Mar, costa norte do município, onde a água invadiu quatro ruas e pelo menos 45 casas.
Os moradores tentaram, sem sucesso, conter a fúria do mar com barricadas de galhos de árvores, areia e blocos de cimento.
No final da tarde de ontem, a Defesa Civil informou que o mar estava voltando ao nível normal, mas, segundo o CPTEC (Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos), a ressaca só irá perder a intensidade amanhã.
Em Maresias, a água chegou à rodovia Rio-Santos (SP-55). Em Caraguatatuba, o mar invadiu a avenida da Praia. Em Santos, também houve ressaca, e alguns canais foram inundados.
No litoral do Paraná, o município mais prejudicado foi Matinhos (124 km de Curitiba), onde 19 casas foram destruídas, e 47 foram danificadas pelo mar.
O Corpo de Bombeiros calcula que cem pessoas desabrigadas foram transferidas para o ginásio de esportes do município. Pelo menos outras 200 estão em casas de amigos ou parentes. A prefeitura decretou estado de emergência.
Segundo o setor de meteorologia do CPTEC, a ressaca é provocada pela baixa pressão atmosférica na superfície, que produz perturbações nas águas próximas à região costeira. A ocorrência do fenômeno é mais comum na faixa de litoral que vai do Rio Grande do Sul ao Uruguai.

Colaborou a Agência Folha



Texto Anterior: Walter Ceneviva: Livros jurídicos
Próximo Texto: Panorâmica - Evento: Medicina e jornalismo são tema de debate realizado pela APM, com apoio da Folha
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.