São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2004

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Carreira de envolvidos não tinha denúncias

DA REPORTAGEM LOCAL

Os dois soldados presos por envolvimento no seqüestro de uma mulher de 86 anos em Suzano (Grande SP) estão na corporação há mais de oito anos e não tinham sido alvo de denúncias na Ouvidoria da Polícia.
Segundo a assessoria da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, José Aparecido da Conceição é policial militar há 11 anos e Alexandre Fonseca, há oito.
A secretaria não informou ontem, porém, se eles apresentavam infrações disciplinares na ficha funcional ou se já foram investigados pela Corregedoria da PM.
No banco de dados da Ouvidoria da Polícia não há registro de denúncias -administrativas ou criminais- contra os dois policiais militares presos.
Segundo policiais do DAS (Divisão Anti-Seqüestro), a quadrilha, provavelmente liderada pelos dois PMs, mostrou profissionalismo no seqüestro da idosa. As ligações eram esparsas e breves -começou com uma ligação telefônica a cada cinco dias- e não houve agressão à vítima.
A família já arrecadava dinheiro para negociar um resgate menor quando houve a descoberta e invasão do cativeiro. A polícia ainda investiga a possibilidade do envolvimento de mais um integrante da quadrilha, provavelmente um ex-policial militar.

Secretaria
Por meio de nota oficial, a secretaria confirmou as prisões e a abertura de um procedimento administrativo pela Corregedoria da PM que pode resultar na expulsão dos dois policiais.
"A Secretaria da Segurança não compactua com desvios de conduta que são punidos rigorosamente. Porém cada caso é apurado individualmente, podendo resultar em punição ou não. A maioria da corporação é composta por bons policiais e eles mesmos rejeitam os maus policiais."
Segundo os dados da secretaria, o número de demissões de policiais em 2003 aumentou 65% em comparação com o ano anterior, com 910 policiais civis e militares demitidos. Em 2002, foram 551 policiais demitidos. Em 2004, até o dia 4 deste mês, foram 139.

Tratamento diferente
Ao contrário do fez com outros casos de seqüestros esclarecidos pela polícia, com reféns libertados em cativeiro, a Secretaria da Segurança Urbana não convocou entrevista coletiva sobre o seqüestro que teve a participação de dois PMs e só repassou informações quando foi acionada.
Questionada sobre a possibilidade de dar um tratamento diferenciado para esclarecimentos de seqüestros que envolvam a prisão de policiais, a assessoria da secretaria disse que marca coletiva só partir das solicitações dos veículos de imprensa.
Isso não teria ocorrido, segundo a assessoria da secretaria, desde a última segunda-feira, quando o cativeiro foi descoberto em Poá (Grande São Paulo) e a vítima libertada por policiais civis da Divisão Anti-Seqüestro.


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