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ANÁLISE
Minhocões são demolidos em cidades desenvolvidas
RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE DINHEIRO
Cidades de países pobres,
que priorizam a circulação de
automóveis em detrimento do
transporte público, continuam
construindo elevados em pleno
centro urbano.
Isso acontece em Lagos, Nova Déli, Xangai e pelo Brasil.
No mundo desenvolvido, os
minhocões passam por demolição acelerada. Madri destruiu
seus viadutos mesmo antes de
terminar seu rodoanel, o M30.
Londres, Paris e Nova York
proibiram projetos de elevados
nos anos 50 e 60.
Seul é considerado o mais
bem sucedido caso de demolição de um minhocão. O elevado
expresso de 6,7 km (o dobro do
paulistano) foi destruído em
seis meses e 90% do concreto e
do ferro foram reaproveitados
pelo governo metropolitano
(equivalente à prefeitura).
O riacho que passava por ali,
canalizado nos anos 60, foi reaberto, com bombeamento de
água direto do maior rio da capital sul-coreana.
Apenas duas faixas para carros foram mantidas nesse local
-ao longo do rio, foi aberto um
parque linear de 6 km de extensão, que é visitado diariamente
por 80 mil pessoas e virou cartão postal da cidade.
Ao mesmo tempo, a cidade
ampliou 18 corredores exclusivos de ônibus na área, o sistema
de metrô e abriu ciclovias. O
tráfego de veículos caiu 20%.
Quem insistiu em usar o carro na região central, não foi
poupado de congestionamentos. O custo da demolição do
elevado e da revitalização de rio
e parque foi de US$ 381 milhões, menos da metade do custo das novas pistas da marginal.
Carros vs. cidade
Boston também demoliu
quatro elevados que cortavam a
cidade, mas continuou priorizando os carros, como é de costume nos EUA: construiu um
túnel de 5,6 km como substituto, inaugurado há dois anos.
Os congestionamentos dos
elevados foram apenas transferidos para o subsolo. O custo da
obra foi de US$ 14 bilhões, cinco vezes o trecho sul do Rodoanel, com diversas denúncias de
corrupção e de má qualidade
nas obras. Um bloco de concreto caiu logo após a abertura,
matando um motorista.
No ano passado, Nova York
inaugurou um parque criado
sobre a antiga ferrovia elevada
que cortava o sul de Manhattan, chamado de High Line. A
ferrovia abandonada deu lugar
a um calçadão suspenso de
2 km, com jardins e bancos.
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