São Paulo, sexta-feira, 07 de maio de 2010

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ANÁLISE

Minhocões são demolidos em cidades desenvolvidas

RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE DINHEIRO

Cidades de países pobres, que priorizam a circulação de automóveis em detrimento do transporte público, continuam construindo elevados em pleno centro urbano.
Isso acontece em Lagos, Nova Déli, Xangai e pelo Brasil.
No mundo desenvolvido, os minhocões passam por demolição acelerada. Madri destruiu seus viadutos mesmo antes de terminar seu rodoanel, o M30. Londres, Paris e Nova York proibiram projetos de elevados nos anos 50 e 60.
Seul é considerado o mais bem sucedido caso de demolição de um minhocão. O elevado expresso de 6,7 km (o dobro do paulistano) foi destruído em seis meses e 90% do concreto e do ferro foram reaproveitados pelo governo metropolitano (equivalente à prefeitura).
O riacho que passava por ali, canalizado nos anos 60, foi reaberto, com bombeamento de água direto do maior rio da capital sul-coreana.
Apenas duas faixas para carros foram mantidas nesse local -ao longo do rio, foi aberto um parque linear de 6 km de extensão, que é visitado diariamente por 80 mil pessoas e virou cartão postal da cidade.
Ao mesmo tempo, a cidade ampliou 18 corredores exclusivos de ônibus na área, o sistema de metrô e abriu ciclovias. O tráfego de veículos caiu 20%.
Quem insistiu em usar o carro na região central, não foi poupado de congestionamentos. O custo da demolição do elevado e da revitalização de rio e parque foi de US$ 381 milhões, menos da metade do custo das novas pistas da marginal.

Carros vs. cidade
Boston também demoliu quatro elevados que cortavam a cidade, mas continuou priorizando os carros, como é de costume nos EUA: construiu um túnel de 5,6 km como substituto, inaugurado há dois anos.
Os congestionamentos dos elevados foram apenas transferidos para o subsolo. O custo da obra foi de US$ 14 bilhões, cinco vezes o trecho sul do Rodoanel, com diversas denúncias de corrupção e de má qualidade nas obras. Um bloco de concreto caiu logo após a abertura, matando um motorista.
No ano passado, Nova York inaugurou um parque criado sobre a antiga ferrovia elevada que cortava o sul de Manhattan, chamado de High Line. A ferrovia abandonada deu lugar a um calçadão suspenso de 2 km, com jardins e bancos.


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