São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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SAÚDE

O Jardim Sul, que fazia cirurgias e partos sem permissão da Vigilância Sanitária, apresentava más condições de higiene

Hospital irregular é interditado em SP

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Vigilância Sanitária no Estado de São Paulo interditou ontem por tempo indeterminado o hospital particular Jardim Sul, no Morumbi, zona oeste da capital paulista. A unidade, que realizava cerca de 900 atendimentos ambulatoriais por mês, fazia cirurgias e partos sem autorização do órgão estadual. Também apresentava condições precárias de higiene, de acordo com a vigilância.
Segundo o diretor da Vigilância Sanitária de Santo Amaro, Ado de Castro Bechelli, responsável pela blitz, o hospital não poderia fazer cirurgias porque está com a UTI desativada.
Quatro pacientes que estavam internados foram transferidos para outros hospitais. Eles não tinham passado por cirurgias. O hospital tem 17 leitos autorizados.
"Os pacientes que foram atendidos aqui corriam risco de infecção e de que seus exames laboratoriais fossem mal executados", disse o diretor da vigilância. Segundo ele, o sistema de esterilização do hospital era precário e, no laboratório, foram encontrados reagentes para exames vencidos. Havia ainda material cirúrgico vencido.
O hospital terá de recorrer à vigilância para a desinterdição. A unidade já havia sido interditada há quatro anos, também por fazer cirurgias sem autorização.
Em novembro passado, a vigilância constatou que a irregularidade permanecia. Os responsáveis pelo hospital se comprometeram a reparar a situação, o que não ocorreu.
O hospital é referência para usuários de convênios médicos na região. A cozinheira Irene de Castro Ferreira, 35, reclamou da falta de higiene. "O hospital está todo empoeirado."
Já a doméstica Maria Aparecida Silva, 30, elogiou o hospital e afirmou que seu filho foi atendido de graça mesmo sem ter convênio.
O motorista Martinho Pereira da Costa, 61, disse que fez uma cirurgia de vesícula no hospital há cerca de um mês. "Não tenho do que reclamar", afirmou.

Outro lado
O diretor administrativo do Jardim Sul, Cezar Kokurudza, disse que o grupo IAM adquiriu a unidade em março. Ele afirmou que desconhecia as irregularidades, mas admitiu que cirurgias "brandas" ocorriam no hospital.
Ele informou ainda que alguns lugares "precários" do hospital estão em reforma, mas negou que o hospital estivesse "sujo". Kokurudza afirmou que o hospital providenciava documentação a ser entregue à vigilância sanitária.
O hospital já teve os nomes Hospital do Morumbi e Hospital Santa Tereza Lisieux.



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