SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

O brasileiro Saul dos Reis Jr., acusado de matar acidentalmente uma estudante norte-americana, foi apresentado ontem à Justiça de Danbury (Estado de Connecticut), onde se declarou inocente dos crimes a ele atribuídos. Mesmo assim, seus advogados optaram por não pedir a redução da fiança, já fixada em US$ 1 milhão.
O ex-garçom foi acusado pela polícia de estrangular a menina Christina Long, 13, enquanto os dois faziam sexo no carro dele. Se condenado, poderá pegar até 60 anos de prisão e multa de US$ 65 mil. Para Peter Tilem e Jim Lenihan, seus advogados, ainda que a família conseguisse o dinheiro da fiança, Saul continuaria preso por estar ilegalmente nos EUA.

Depoimento
Durante a audiência de ontem de manhã, foi apresentado depoimento colhido pela polícia de Danbury em que Reis conta o que teria acontecido. Segundo a declaração de 18 de maio, bastante direta e detalhada, o brasileiro afirma que conheceu a garota na internet usando o pseudônimo "HotES300", enquanto o dela seria "Hotlong4u".
Usando a conta de sua mãe aberta no provedor America Online, Reis disse ter ficado amigo de Christina e que os dois conversavam basicamente sobre sexo. Marcaram o primeiro encontro para o dia 10 de maio e, por sugestão dela, sempre segundo seu depoimento, passaram a se beijar e a fazer carícias mais íntimas.
Na declaração à polícia, Reis disse que achava que Christina tivesse 18 anos, mas mensagem eletrônica trocada pelos dois no dia seguinte ao primeiro encontro e descoberta pelo FBI (polícia federal norte-americana) mostra que a garota havia dito ao brasileiro que tinha 14 (na verdade, ela tinha 13). Ainda no primeiro encontro, ele teria feito fotos dela.
Nos dias seguintes, sempre pela internet, Reis teria convencido Christina a encontrá-lo no mesmo shopping, o que acabou acontecendo em 17 de maio, noite em que Christina seria assassinada. Então, no carro dele, os dois teriam se beijado, ela teria feito sexo oral nele e os dois teriam feito sexo. A intenção inicial do ex-garçom era apenas tirar fotos nuas dela, disse ele.
Durante o ato, Reis a teria estrangulado e asfixiado sem querer. No dia 19, já preso, ele foi submetido ao teste de polígrafo e, "verbalmente e por escrito", segundo depoimento do sargento Mark Williams, confessou ter matado a garota na noite de 17 de maio e ter jogado o corpo na cidade vizinha de Greenwich, onde o brasileiro morava.
Saul dos Reis Jr. trabalhava de garçom no restaurante Café Brasil, que é administrado por sua mãe e seu padrasto numa cidade no subúrbio de Nova York. Está desde os dez anos nos Estados Unidos, onde se formou no segundo grau. Ele é casado com a brasileira Tatiana há dois anos.



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