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IPT culpa consórcio, mas não isenta Metrô por cratera
DA REPORTAGEM LOCAL
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) concluiu ontem seu laudo sobre as causas
da cratera na obra da linha 4-amarela do metrô paulista,
quase 17 meses após a abertura
do buraco que deixou sete mortos na futura estação Pinheiros.
Os detalhes do relatório técnico não foram divulgados, mas
seu teor elenca uma seqüência
de fatores que contribuíram
para a tragédia e atribui problemas principalmente ao trabalho do Consórcio Via Amarela,
embora não isente totalmente
a responsabilidade do Metrô, a
quem cabe fiscalizar a obra.
O resultado da investigação é
apontado pelo Estado como
uma avaliação independente,
porém sua isenção será questionada pelas empreiteiras.
Ontem mesmo elas divulgaram uma nota ressaltando que
"as pesquisas geológicas que
subsidiaram" a realização do
projeto da linha 4 foram feitas
nos anos 90 "pelo próprio IPT,
contratado pelo Metrô".
A execução inadequada do
projeto é um dos possíveis problemas citados pelo laudo.
O Via Amarela, formado por
Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, também deve
questionar as falhas apontadas
contra ele pelo fato de a investigação do IPT ter sido contratada pela própria estatal paulista.
O trabalho do IPT, pago pelo
Metrô, custou R$ 6,55 milhões.
O instituto não quis comentar
seu laudo -alega que os resultados pertencem à companhia.
O acidente também é investigado pelo IC (Instituto de Criminalística), órgão ligado à polícia e cujo trabalho está previsto para terminar em agosto.
Além do problema na execução do projeto geológico da linha 4, a Promotoria esperava a
responsabilização das empreiteiras pelo fato de a construção
do túnel ter seguido um sentido
inverso da indicação original,
além da suspeita de aceleração
da obra e da detonação de explosivos não registrada.
O relatório do IPT, com 29
volumes e dois CDs, foi entregue às 19h30 de ontem às partes envolvidas no caso.
"Se configurada como causa
alguma omissão do Metrô, ela
se deu pelo comportamento de
algum de seus empregados. No
âmbito do Metrô, vamos apurar. Mas é precipitado dizer
qual vai ser a punição e a quem
vai recair", afirmou Sérgio Avelleda, diretor de assuntos corporativos da companhia.
Um relatório divulgado no final de março, feito por um especialista britânico contratado
e pago pelo Via Amarela, avaliava que a cratera tinha sido resultado de uma "fatalidade",
decorrente de uma anomalia
geológica -uma rocha gigante
que não havia sido apontada
pelas sondagens no terreno.
O laudo, na ocasião, apontava
que a característica do solo
"mole" era um fator contribuinte para a tragédia e que, se
a escavação fosse mais profunda, esse risco seria minimizado.
Essa condição também deve
ser usada pelo consórcio para
atribuir responsabilidade ao
Metrô -já que houve pedido
das construtoras ao governo
Geraldo Alckmin (PSDB) para
fazer uma escavação mais profunda, mas que acabou rejeitado devido ao custo.
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