São Paulo, domingo, 07 de junho de 2009

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Para demonstrar o amor, paulistanos se utilizam de grafite, pichação e tatuagem

Mas expressão nos muros da cidade e braços dos amantes pode virar arrependimento se relacionamento acabar

LETICIA DE CASTRO
DA REVISTA DA FOLHA

Ela está por toda a cidade de São Paulo. Nas avenidas movimentadas e nos bairros. É difícil encontrar quem ainda não se deparou com a frase: "O amor é importante, porra", pichada nos muros.
A cada dia, ela ganha mais admiradores. "Acho inspirador, em uma cidade como São Paulo, onde as pessoas só se preocupam em trabalhar, saber que há quem se lembre do amor", desabafa a escritora Clarah Averbuck, 29, autora, entre outros, de "Máquina de Pinball" (ed. Conrad, 80 págs., R$ 22).
Na internet, blogs, fotologs e flickrs comentam a proliferação da declaração anônima pela cidade e trocam pistas a respeito da identidade do pichador. "É uma lenda urbana. Ninguém conhece", diz a blogueira e fotógrafa Adelaide Ivánova, 26, que fez uma campanha na web para identificar o responsável. Sem sucesso.
Apesar do sucesso, o enigmático autor das frases não quer ser identificado. A Folha consultou grafiteiros, pichadores, artistas e integrantes de coletivos de intervenção urbana na tentativa de descobrir a sua identidade. Gente de seu convívio localizada pela reportagem tratou o assunto como segredo.

Amor à flor da pele
Em tempos de relacionamentos fugazes, uma aliança no dedo já não tem os efeitos de antigamente, e a tatuagem surge como alternativa para selar definitivamente a união.
O que nem sempre funciona. No mundo das celebridades, não faltam exemplos de tatuados apaixonados que depois tiveram de apagar ou cobrir as declarações (veja ao lado).
Esse tipo de arrependimento não é exclusividade de famosos.
No ano passado, a vendedora Sasha Souza, 29, tatuou o nome da então namorada no antebraço direito. Seis meses depois, o romance acabou. Há três, ela arrumou outra namorada. Que não gostou de ver o nome da antecessora em seu corpo e pediu para ela cobrir a tatuagem.
Apesar da trabalheira para disfarçar a "tattoo", Sasha diz que fará outra em homenagem à atual parceira. "Se não der certo, apago." Detalhe: ela tem 26 desenhos pelo corpo.

Sr. e Sra. de Lollo
Nem todas as histórias terminam em separação. Inspirada no filme "Sr. e Sra. Smith", com Brad Pitt e Angelina Jolie, a tatuadora Marianne de Lollo, 31, gravou nas costas a inscrição ""Sr. e Sra. de Lollo", em homenagem ao marido.
"Ele começou a me chamar de sra. de Lollo depois que assistimos", diz Marianne, casada há quatro anos com Giulianno.
Tatuar nomes de namorados costuma ser tarefa ingrata para os tatuadores. Sérgio Maciel, o Leds, do estúdio Leds Tattoo, conta que tenta demover essa ideia dos clientes.
Em seu estúdio, na zona sul de São Paulo, ele oferece o serviço de remoção e clareamento de tatuagens, solicitado por muitos ex-casais arrependidos.
Às vésperas do Dia dos Namorados, vale um registro para quem pretende imprimir o nome ou desenho que expresse o tal "amor eterno". O preço para removê-lo é 50% mais alto do que o cobrado pela tatuagem.

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