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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Cadastro considera o tempo de espera, características biológicas do paciente e situações de emergência
Lista única vigora a partir de hoje em SP
HELIANA NOGUEIRA
especial para a Folha
O Cadastro Técnico Único (nova
denominação para a lista única de
pacientes à espera de um órgão para transplante) começa a funcionar oficialmente no Estado de São
Paulo às 7h de hoje.
A resolução foi publicada no
"Diário Oficial do Estado" de anteontem. O cumprimento da ordem da lista será fiscalizado pelo
Ministério Público.
São Paulo é o primeiro Estado no
país a implantar a lista única de receptores, que se tornou obrigatória com a nova Lei dos Transplantes (sancionada em fevereiro).
Até agora, foram cadastrados,
porém, só os pacientes à espera de
coração, rins, fígado e pulmão.
"Em uma segunda fase, faremos
as listas dos receptores de córnea,
medula e demais tecidos", explicou Maria Cecília Correa, chefe de
gabinete da Secretaria de Estado
da Saúde. "Priorizamos os órgãos
que precisam ser retirados com rapidez e necessitam de confirmação
de morte cerebral do doador."
Segundo ela, a principal dificuldade para a criação da lista única
foi "reunir as várias listas" existentes no Estado. Até então, a distribuição dos órgãos era feita seguindo o rodízio semanal adotado
pelos hospitais responsáveis pela
captação. O hospital que fazia a retirada ficava com o órgão, que só
era repassado a outra instituição
no caso de incompatibilidade.
"A grande maioria dos pacientes registrava-se em todas as listas.
Para criar o cadastro, tivemos de
checar os nomes dos pacientes e de
suas mães, as datas de nascimento
e os CPFs", disse Correa.
A distribuição dos órgãos seguirá basicamente três critérios: tempo de espera do órgão, características biológicas (como tipo sanguíneo e compatibilidade tecidual) e
situações de emergência.
"Essa situação (de emergência)
pode ser identificada por meio de
exames clínicos, bioquímicos e
neurológicos."
Segundo Correa, todos os pacientes saberão sua colocação na
lista. "Isso não garante, porém,
que alguém que esteja em uma colocação inferior não seja contemplado antes. Tudo dependerá da
compatibilidade sanguínea."
Ela compara a Central Estadual
de Notificação (nova denominação para a Central de Transplantes), que ficará responsável pela
distribuição dos órgãos, a uma
agência de casamentos. "Tentaremos juntar o melhor doador com o
melhor receptor."
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