São Paulo, segunda, 7 de julho de 1997.



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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Cadastro considera o tempo de espera, características biológicas do paciente e situações de emergência
Lista única vigora a partir de hoje em SP

HELIANA NOGUEIRA
especial para a Folha

O Cadastro Técnico Único (nova denominação para a lista única de pacientes à espera de um órgão para transplante) começa a funcionar oficialmente no Estado de São Paulo às 7h de hoje.
A resolução foi publicada no "Diário Oficial do Estado" de anteontem. O cumprimento da ordem da lista será fiscalizado pelo Ministério Público.
São Paulo é o primeiro Estado no país a implantar a lista única de receptores, que se tornou obrigatória com a nova Lei dos Transplantes (sancionada em fevereiro).
Até agora, foram cadastrados, porém, só os pacientes à espera de coração, rins, fígado e pulmão.
"Em uma segunda fase, faremos as listas dos receptores de córnea, medula e demais tecidos", explicou Maria Cecília Correa, chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Saúde. "Priorizamos os órgãos que precisam ser retirados com rapidez e necessitam de confirmação de morte cerebral do doador."
Segundo ela, a principal dificuldade para a criação da lista única foi "reunir as várias listas" existentes no Estado. Até então, a distribuição dos órgãos era feita seguindo o rodízio semanal adotado pelos hospitais responsáveis pela captação. O hospital que fazia a retirada ficava com o órgão, que só era repassado a outra instituição no caso de incompatibilidade.
"A grande maioria dos pacientes registrava-se em todas as listas. Para criar o cadastro, tivemos de checar os nomes dos pacientes e de suas mães, as datas de nascimento e os CPFs", disse Correa.
A distribuição dos órgãos seguirá basicamente três critérios: tempo de espera do órgão, características biológicas (como tipo sanguíneo e compatibilidade tecidual) e situações de emergência.
"Essa situação (de emergência) pode ser identificada por meio de exames clínicos, bioquímicos e neurológicos."
Segundo Correa, todos os pacientes saberão sua colocação na lista. "Isso não garante, porém, que alguém que esteja em uma colocação inferior não seja contemplado antes. Tudo dependerá da compatibilidade sanguínea."
Ela compara a Central Estadual de Notificação (nova denominação para a Central de Transplantes), que ficará responsável pela distribuição dos órgãos, a uma agência de casamentos. "Tentaremos juntar o melhor doador com o melhor receptor."



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