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JUSTIÇA
Juraci Magalhães (PMDB) é investigado pela contratação, sem licitação, de uma empresa para atuar na área da saúde
Prefeito de Fortaleza tem bens bloqueados
KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA
O prefeito de Fortaleza, Juraci
Magalhães (PMDB), 73, teve seus
bens e sua conta bancária bloqueados por uma liminar da 6ª
Vara da Fazenda Pública do Ceará, num processo que investiga a
contratação, sem licitação, de
uma empresa de Curitiba para a
informatização da rede de saúde
municipal, inclusive com a implementação de um cartão eletrônico para os usuários.
O processo corre em segredo de
Justiça. A divulgação da liminar,
concedida há dez dias, foi feita
por um vereador de oposição ao
prefeito, José Maria Pontes (PT),
que é um dos responsáveis pela
ação. O Tribunal de Justiça do Estado confirmou ontem, por meio
de sua assessoria, a indisponibilidade dos bens do prefeito.
A assessoria de imprensa do
prefeito informou que ninguém
falaria sobre o caso, por estar sob
segredo de Justiça, nem mesmo o
procurador do município, Rômulo Leitão. Ainda assim, a reportagem o procurou, mas ele não
atendeu as ligações.
Na mesma liminar, o juiz Luiz
Alves Leite também havia suspendido o contrato com a empresa
ICI (Instituto Curitiba de Informática), firmado em 2002, no valor de R$ 31,4 milhões, com dispensa de licitação.
Na sexta-feira, o procurador do
município entrou com um pedido de suspensão da liminar, que
foi parcialmente atendido pelo
Tribunal de Justiça. Os bens e a
conta bancária do prefeito continuam indisponíveis, mas o contrato da prefeitura com a ICI voltou a ser validado.
Além de Juraci Magalhães, outras duas pessoas tiveram seus
bens bloqueados pela liminar: o
ex-secretário da Saúde e hoje vereador Adelmo Martins (PMDB)
e um dos sócios da ICI, Luiz Alexandre Fagundes. Ambos foram
procurados pela reportagem, mas
não foram encontrados.
Essa é a segunda vez, no atual
mandato, que Juraci tem seus
bens bloqueados pela Justiça. A
primeira foi em novembro de
2003, num processo sobre o desvio de verbas da merenda escolar
do município. Na ocasião, a decisão foi derrubada no mesmo dia.
Além do processo na Justiça,
um inquérito foi instaurado na
Polícia Federal para investigar o
caso da contratação da empresa
curitibana sem licitação.
O sistema de informatização da
saúde em Fortaleza tem como
carro-chefe o Cartão Saúde do Cidadão, com o qual o usuário, depois de cadastrado num sistema
único, tem seus dados disponibilizados em qualquer unidade municipal de atenção à saúde (como
são chamados os postos de saúde
na cidade).
O sistema funciona em rede e
tem como objetivo acabar com as
filas nos postos de saúde, por
meio da marcação de consultas
on-line, e com a ociosidade de leitos, integrando o sistema de saúde
de Fortaleza.
Terceirização
O cartão foi uma das promessas
de campanha de Juraci Magalhães
em sua reeleição, em 2000.
Segundo a coordenadora dos
cartões, Sheila Santiago, cerca de
1,4 milhão de pessoas estão cadastradas no novo sistema, que já integrou 81 das 86 unidades básicas
de saúde na cidade.
Ao contratar a empresa ICI sem
licitação, a prefeitura argumentou
que a companhia era a única do
país a prestar esse tipo de serviço.
No contrato, porém, há uma cláusula que permite a terceirização
de tarefas (ou seja, a contratação
de outras empresas para realizar
o trabalho).
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