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Governador culpa detentos por caos em penitenciária
Lembo admite ser dramática a situação em Araraquara;
hoje, 107 presos serão encaminhados para exame médico
Pefelista afirma que local
será reformado a partir de
segunda-feira, mas não irá
transferir os presos por falta
de vagas em presídios
DÉBORA FANTINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O governador Cláudio Lembo (PFL) admitiu ontem ser
"dramática" a situação dos cerca de 1.450 presos confinados
em um espaço projetado para
160, no Anexo de Detenção
Provisória de Araraquara. Mas
disse que não serão transferidos do local e responsabilizou
os próprios detentos pelas condições em que se encontram.
"Esse drama humano não foi
causado por nós, mas pelos
próprios presos. Temos que
preservar a segurança da sociedade mantendo os presos detidos num presídio totalmente
destruído por eles mesmos."
Ele disse ainda que a reforma
da penitenciária, destruída durante rebelião em 16 de junho,
começará na segunda-feira.
Ontem, a Folha mostrou a
situação caótica do presídio,
onde os presos estão isolados, a
comida é jogada do teto, e, para
sair, os detentos liberados pela
Justiça têm de ser içados. Os
agentes penitenciários deixaram o local desde 16 de junho
quando, após uma rebelião, a
porta do local foi lacrada.
Á noite, a Secretaria da Administração Penitenciária informou que hoje serão retirados do local 107 presos que
"alegaram problemas de saúde" para serem examinados.
Informou ainda que os presos serão redistribuídos para
mais um pátio, onde cabem 160
presos, que estava interditado
após a localização de um túnel.
A demora de mais de 20 dias
para iniciar a reforma, justificou Lembo, deve-se a questões
burocráticas, como o processo
de licitações, e reflexo dos ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital), ocorridos
um mês antes do motim na prisão de Araraquara.
"As rebeliões em maio último geraram uma incapacidade
da dinâmica da restauração dos
presídios", disse ontem, após
evento com usineiros. Na entrevista, ele culpou quatro vezes os presos pela situação.
Durante as obras de reforma
na penitenciária, no entanto,
os cerca de 1.450 presos devem
ficar confinados no anexo, um
espaço originalmente destinado para 160 pessoas.
Ele descartou a possibilidade
de transferência dos detentos
porque não há lugar em outros
presídios. A falta de espaço,
ainda segundo Lembo, deve-se
ao fato de o governo cumprir
todos os mandados de prisão.
Dados de maio já apontavam
um déficit de 28.801 vagas no
sistema prisional.
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