São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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Funcionários da Infraero ameaçam parar

Greve já foi aprovada por servidores em Guarulhos, Campinas e Manaus; novas assembléias acontecem na próxima semana

Governo ofereceu reajuste salarial de 6% à categoria, que reivindica 33,76%; paralisações estão marcadas para quarta e quinta

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO
DA AGÊNCIA FOLHA

Na próxima semana, funcionários da Infraero nos aeroportos de Congonhas, em SP, e do Tom Jobim, Santos Dumont e Jacarepaguá, no Rio, decidem se aderem à greve da categoria que já foi aprovada por servidores em Cumbica (Guarulhos), Viracopos (Campinas) e Eduardo Gomes (Manaus).
A paralisação das atividades está marcada para começar quarta (caso de Cumbica e Rio) e quinta-feira (Campinas e Manaus). O Sina (Sindicato Nacional dos Aeroportuários) reivindica aumento salarial de 33,76% devido a perdas acumuladas desde 1994 e recomposição de 8,2% neste ano. O governo Lula ofereceu 6%.
Até terça-feira, funcionários da estatal que administra os aeroportos, incluindo no seu quadro controladores civis, podem decidir ampliar a greve e agravar ainda mais o caos aéreo.
Dentre os serviços essenciais que podem ser afetados estão: atualização dos painéis eletrônicos com informações sobre vôos; embarque de passageiros; liberação para taxiamento e autorizações de pousos e decolagens de aeronaves.

A maior preocupação do governo é que a greve possa desencadear uma série de atrasos em vôos e atrapalhar os jogos Pan-Americanos no Rio, que começam na sexta.
"Ninguém é louco de derrubar avião, mas vamos dar suporte mínimo enquanto tiver aeronave em vôo. Em solo é outra coisa, porque o controle de liberação é feito por nós. Na hora em que o avião estiver no chão, não sai", afirmou o diretor do Sina Edson Fortes da Silva. Segundo o sindicato, apenas 30% do pessoal permanecerá trabalhando.
Dos 10.600 funcionários da Infraero no Brasil, 480 são controladores de vôo civis que operam em torres de aeroportos.
Eles são responsáveis por autorizar pousos e decolagens. Cumbica e os três aeroportos do Rio (Tom Jobim, Santos Dumont e Jacarepaguá) trabalham nessas condições.

Assembléias
Os servidores dos aeroportos cariocas decidem sobre a adesão na próxima segunda-feira, quando a maior parte das delegações estrangeiras do Pan começará a chegar.
De acordo com a Infraero, 6.880 atletas e membros das delegações vão desembarcar em São Paulo e fazer conexão com destino ao Rio. Os vôos direto ao Rio somam 3.633 pessoas. No total, o Pan contará com 5.500 atletas.
Funcionários de Congonhas se reunirão na terça, pois segunda é feriado em São Paulo.

Reivindicações
O Sina, que encaminhou uma pauta com 163 itens à Infraero e ao Ministério da Defesa, informou que 20 desses pontos ainda não foram atendidos.
O sindicato negou também que o governo tivesse oferecido reajuste de 6%. A última negociação oficial com o governo, segundo o órgão, resultou na proposta de aumento salarial de 4%, rejeitada pela categoria.
Segundo Francisco Lemos, diretor do Sina, as reivindicações incluem também reposição da inflação entre maio de 2006 e abril de 2007.
Para tentar pôr fim à ameaça de greve, o governo se reuniu ontem (leia texto nesta pág.).
"Se formos comunicados de uma nova proposta, convocaremos os diretores para dar um posicionamento", disse o diretor do Sina Edson Fortes da Silva. "Mas isso só será possível na próxima semana."
Segundo ele, o sindicato fundado em 1989 possui cerca de 5.000 associados e no início dos anos 90 promoveu sua maior greve até então, quando servidores cruzaram os braços por 26 dias por questões salariais.
A expectativa do sindicato, conta o diretor, é paralisar 44 dos 67 aeroportos administrados pela Infraero no Brasil.
"Quando você pára um aeroporto grande, os outros param também", disse Silva.
Indagado se não é oportunismo ameaçar parar no momento em que o setor aéreo vive uma crise e às vésperas do Pan, Silva afirmou que "se fôssemos oportunistas, teríamos paralisado tudo na greve dos controladores militares, em maio". (KLEBER TOMAZ, VINICIUS ABBATE, JANAINA LAGE, FÁBIO GRIJÓ, LUÍS FERRARI, MAURÍCIO SIMIONATO E RENATA BAPTISTA)


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