|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cigarro eletrônico pode driblar lei antifumo
Dispositivo libera nicotina, mas solta apenas vapor d'água, segundo fabricante; Anvisa abriu consulta sobre proibição
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O dispositivo tem as mesmas
dimensões e formato de um cigarro, libera uma cortina de fumaça nas baforadas e acende
uma ponta em brasa. Parece,
mas não é. A invenção chinesa,
batizada de cigarro eletrônico,
abre uma brecha na lei antifumo paulista -que entra em vigor exatamente daqui a um
mês- e pode driblar a fiscalização da Vigilância Sanitária.
O mecanismo funciona assim: a ponteira contém um cartucho recarregável, preenchido
com refis de propileno glicol,
nicotina e substâncias aromatizantes. Quando o fumante inala, o fluxo de ar é detectado, e
um nebulizador injeta gotículas do propileno glicol no fluxo
de ar, vaporizando a nicotina.
O processo gera uma névoa
-para simular a fumaça do cigarro comum-, que é inalada
pelo usuário. Segundo o fabricante, a fumaça liberada é, na
verdade, apenas vapor d'água.
A Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária) abriu
consulta pública sobre resolução que proíbe o consumo e a
venda do cigarro eletrônico no
país. O Inca (Instituto Nacional
do Câncer) é contra a liberação.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) também já se
disse contrária porque não há
estudos que comprovem a versão do fabricante chinês de que
o produto não exala as substâncias cancerígenas do cigarro.
"A nicotina não é um produto
inócuo que pode ser distribuído para todo mundo", diz André Luís, da Anvisa. "Não há nada que prove que ele não tem
nenhuma outra substância tóxica além da nicotina", afirma
Cristina Perez, técnica do Inca.
Hoje, por não ter registro, o
produto é proibido no país, mas
já chegou a São Paulo pelo mercado negro. E já está à venda na
internet e em tabacarias.
A lei aprovada em São Paulo
proíbe "o consumo de cigarros,
cigarrilhas, charutos, cachimbos ou de qualquer outro produto fumígeno, derivado ou
não do tabaco", em locais públicos fechados, como bares e restaurantes. Não faz menção a esse novo dispositivo eletrônico
nem à nicotina em si.
A Secretaria da Justiça, que
fiscalizará a lei, diz aguardar
que a Anvisa decida se autoriza
ou não a venda do produto.
Texto Anterior: Exército combaterá gripe suína na fronteira Próximo Texto: Procuradora envia ao STF parecer a favor de aborto de anencéfalo Índice
|