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BANGU
Abel Silvério de Aguiar, que dirigia a unidade 3 do complexo de presídios do Rio, já tinha recebido ameaças de morte
Traficantes mataram diretor, diz governo
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
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Adriana Silvério no enterro do seu marido, Abel Silvério, diretor de Bangu 3 |
FERNANDA DA ESCÓSSIA
FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO
As primeiras investigações da
polícia do Rio e da Secretaria de
Administração Penitenciária indicam que o diretor do presídio
de Bangu 3, Abel Silvério de
Aguiar, 43, foi morto numa ação
de quadrilhas do tráfico de drogas, na noite de anteontem. Não
está descartado o envolvimento
de agentes penitenciários.
"A linha de investigação principal é a execução por bandidos. Eu
não posso nominar alguém que
tenha sido responsável, eu quero
responsabilizar o crime organizado", afirmou o secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos.
É o segundo homem da cúpula
do sistema penitenciário morto
em 13 dias. No dia 24 de julho, foi
assassinado o chefe de segurança
do complexo de Bangu, Paulo Roberto Rocha. Entre os dois crimes,
houve ainda a morte do traficante
Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP, asfixiado dentro de
Bangu 3 na semana passada.
No início do ano, Aguiar e Rocha integraram uma comissão para apurar a existência de regalias
em Bangu 1 e em Bangu 3. Aguiar,
considerado um diretor rigoroso,
vinha recebendo ameaças de
morte desde o mês passado.
A Secretaria de Administração
Penitenciária recebeu um informe sobre um plano de sequestro
da família do diretor, programado por dois detentos de Bangu 3.
O resgate seria a libertação de presos da unidade. Bangu 3 tem cerca
de 800 presos, todos da facção Comando Vermelho. Aguiar foi avisado e disse que estava tomando
providências. Mesmo assim, dispensou a segurança, segundo
Santos. Os dois presos ficaram
sob monitoramento, de acordo
com a secretaria.
Na noite de anteontem, o carro
de Aguiar, um Corsa, foi interceptado a tiros na avenida Brasil, por
volta das 20h, e cercado por dois
carros, um Tempra e um Vectra.
O Corsa bateu em um ônibus parado no ponto. Os passageiros do
ônibus viram quando, encapuzados, os homens desceram dos carros e continuaram atirando. Segundo laudo do Instituto Médico
Legal, Aguiar levou 17 tiros, todos
na cabeça, pescoço, tórax e braços. O calibre das balas aponta para tiros de fuzil ou pistola.
Segundo o relato das testemunhas, os assassinos conferiram se
a vítima era mesmo Aguiar e, comemorando, entraram na favela
Vila Kennedy (zona oeste).
Antes da fuga dos criminosos,
um policial que passava de carro
tentou ajudar Aguiar, mas um
terceiro carro, uma Blazer, impediu. O delegado Paulo Passos, responsável pelas investigações, disse que o policial foi perseguido, e
o carro, alvejado duas vezes.
Ordem do presídio
Uma das hipóteses para o crime
é uma reação dos detentos de
Bangu 3 ao endurecimento de
medidas disciplinares na unidade, como a instalação de um bloqueador de telefones celulares
(em fase experimental) e controle
maior de visitas. A polícia vai investigar também possíveis conexões entre os três crimes.
"É possível que a ordem [para
matar] tenha partido de dentro
do presídio", disse Santos. Ele
afirmou que não pode descartar a
participação de policiais.
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