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Vítima ficou em quarto de 4 m2
VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma velha boneca, um saco de
pipoca pela metade e alguns refrigerantes eram os indícios da presença da estudante de 12 anos no
cativeiro encontrado ontem pela
polícia na Grande São Paulo.
O quarto onde a garota ficou, de
pouco mais de quatro metros
quadrados, possuía apenas uma
cama e um armário vazio. Algumas peças de roupa e um cobertor
estavam no chão.
À beira de uma estrada de terra,
o sítio Araponga, em Juquitiba
(78 km a sudoeste de SP), não se
encontra em uma região completamente isolada, ainda que haja
pouco movimento nas redondezas. O vizinho mais próximo, um
centro espírita, fica bem em frente. A casa do caseiro, transformada em cativeiro, pode ser vista por
quem passa na estrada.
Na sala dessa casa, que possuía
apenas um quarto, um banheiro e
uma cozinha, havia pelo menos
quatro marcas de tiros nas paredes. Ontem, havia manchas de
sangue pela sala. A maior delas estava concentrada na extremidade
de um colchão ao lado da porta de
entrada. A polícia não comentou
a presença dessa mancha.
Entre o quarto e a sala fica a cozinha, equipada com fogão, geladeira e uma pia, onde alguns pratos permaneciam sujos. Para comer, um saco de arroz, farinha,
além da pipoca. Na geladeira, refrigerante, frios e molho de tomate. O banheiro, estreito e escuro,
tem um chuveiro elétrico -sobre
a pia, duas escovas de dente.
Ao lado da casa do caseiro há
um campo de futebol e dois balanços para crianças. De acordo
com Pedro Nascimento Filho, 67,
que mora no centro espírita em
frente ao local, no último domingo foi disputada uma partida de
futebol nesse campo.
Nascimento disse não ter reparado em "nada muito estranho"
no local nos últimos dois meses,
mas disse que havia "entra-e-sai,
entra-e-sai". Ele também afirmou
ter visto carros diferentes entrando no sítio, como um Escort vermelho e um Golf, do qual Nascimento não lembrava a cor.
João Gonçalves da Silva, 57, que
trabalha em um bar a cerca de 400
metros do sítio, também afirmou
não ter notado nada de diferente
ultimamente. "Na nossa cara a
coisa feia, e a gente não sabe de
nada", disse.
Segundo ele, o telefone público
instalado em frente ao bar, o mais
perto do cativeiro, não era utilizado pelos freqüentadores recentes
do sítio. "Só se fosse de madrugada", afirmou.
Outro morador da região, que
não quis se identificar, disse que
não costumava passar pelo sítio
porque o "pessoal de lá não puxava muita conversa".
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