São Paulo, sábado, 07 de agosto de 2004

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Vítima ficou em quarto de 4 m2

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma velha boneca, um saco de pipoca pela metade e alguns refrigerantes eram os indícios da presença da estudante de 12 anos no cativeiro encontrado ontem pela polícia na Grande São Paulo.
O quarto onde a garota ficou, de pouco mais de quatro metros quadrados, possuía apenas uma cama e um armário vazio. Algumas peças de roupa e um cobertor estavam no chão.
À beira de uma estrada de terra, o sítio Araponga, em Juquitiba (78 km a sudoeste de SP), não se encontra em uma região completamente isolada, ainda que haja pouco movimento nas redondezas. O vizinho mais próximo, um centro espírita, fica bem em frente. A casa do caseiro, transformada em cativeiro, pode ser vista por quem passa na estrada.
Na sala dessa casa, que possuía apenas um quarto, um banheiro e uma cozinha, havia pelo menos quatro marcas de tiros nas paredes. Ontem, havia manchas de sangue pela sala. A maior delas estava concentrada na extremidade de um colchão ao lado da porta de entrada. A polícia não comentou a presença dessa mancha.
Entre o quarto e a sala fica a cozinha, equipada com fogão, geladeira e uma pia, onde alguns pratos permaneciam sujos. Para comer, um saco de arroz, farinha, além da pipoca. Na geladeira, refrigerante, frios e molho de tomate. O banheiro, estreito e escuro, tem um chuveiro elétrico -sobre a pia, duas escovas de dente.
Ao lado da casa do caseiro há um campo de futebol e dois balanços para crianças. De acordo com Pedro Nascimento Filho, 67, que mora no centro espírita em frente ao local, no último domingo foi disputada uma partida de futebol nesse campo.
Nascimento disse não ter reparado em "nada muito estranho" no local nos últimos dois meses, mas disse que havia "entra-e-sai, entra-e-sai". Ele também afirmou ter visto carros diferentes entrando no sítio, como um Escort vermelho e um Golf, do qual Nascimento não lembrava a cor.
João Gonçalves da Silva, 57, que trabalha em um bar a cerca de 400 metros do sítio, também afirmou não ter notado nada de diferente ultimamente. "Na nossa cara a coisa feia, e a gente não sabe de nada", disse.
Segundo ele, o telefone público instalado em frente ao bar, o mais perto do cativeiro, não era utilizado pelos freqüentadores recentes do sítio. "Só se fosse de madrugada", afirmou.
Outro morador da região, que não quis se identificar, disse que não costumava passar pelo sítio porque o "pessoal de lá não puxava muita conversa".


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