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JUSTIÇA
Após audiência, eles não quiseram comentar o caso
Policiais suspeitos de lesar cliente de seguro de carro depõem em SP
ALEXANDRE NOBESCHI
DA REDAÇÃO
Suspeitos de integrar um esquema que tentava incriminar segurados por fraude no seguro de automóveis, policiais civis do 27º DP
(Campo Belo, na zona sul) foram
ouvidos ontem no Fórum Criminal de São Paulo. Na saída, eles
não comentaram o caso.
Na audiência, os delegados Enjolras Rello de Araújo, Guaracy
Moreira Filho e Antonio dos Santos e o escrivão Geraldo Pecatiello, mais a juiza-corregedora Ivana David Boriero e os promotores
Arthur Ramos Lemos e Márcia de
Holanda Montenegro, assistiram
a uma fita que mostrava como os
segurados eram acusados de fraudar o assalto do próprio veículo e
enviar o veículo ao Paraguai.
Na gravação, a que a Folha também teve acesso, um ex-empresário do ramo dá detalhes sobre a
atuação dessas empresas para investigar o segurado. Ele cita que,
mesmo em casos que não havia
nenhuma irregularidade, conseguia-se "melar" a indenização.
"Somos forçados a tentar "melar",
porque a gente fazendo isso aí, a
companhia [seguradora] deixa de
pagar", disse o ex-empresário.
Essas empresas, segundo ele,
providenciavam documentos falsos vindo do Paraguai e da Bolívia
para demonstrar que o segurado
queria aplicar um golpe na companhia de seguros.
Caso obtivessem êxito em "melar" o sinistro, a sua empresa recebia 15% do valor que seria pago na
indenização. Se o segurado vencesse a queda de braço com a seguradora, as prestadoras de serviço recebiam em média R$ 135.
Com os documentos, supostamente frios, dava-se entrada em
um inquérito para tentar incriminar o segurado.
Para representá-las, as companhias de seguro utilizam o serviço
do advogado Carlos Alberto
Manfredini, que afirma ter representado algumas seguradoras, como a Marítima, a Porto Seguro, a
Unibanco, entre outras.
"Recebia os documentos direto
do departamento de sinistros das
seguradoras para montar o inquérito. A gente analisava os documento feitos em cartórios paraguaios e fazia os inquéritos", afirmou Manfredini.
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