São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2008

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Haddad diz que avaliação era "festa" na era FHC

Givaldo Barbosa/Agência O Globo
O ministro Fernando Haddad divulga os resultados do Enade

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA SUCURSAL DO RIO

Ao defender o novo conceito de avaliação do ensino superior, o ministro da Educação, Fernando Haddad, afirmou que, antes, o processo era uma "festa". "Todo mundo era aprovado pelo Inep", disse em entrevista coletiva.
Mais tarde, ao participar de um seminário no Rio, ele explicou que a expressão se referia ao período do governo FHC e deu exemplos do que considerava a "festa" nas avaliações.
"Antes [no governo FHC], vários cursos recebiam conceito E [o pior na escala do Provão, exame que antecedeu o Enade] e eram reiteradamente aprovados como cursos muito bons pela comissão de especialistas. Isso não aconteceu uma ou duas vezes. Era usual um curso avaliado pelo Provão com a pior nota ter seu reconhecimento renovado a cada ciclo de avaliação. Uma coisa estava completamente desconectada da outra", disse o ministro.
Ele diz que a nova forma de avaliação dos cursos minimizará casos como esses.
"Antes, o avaliador observava o corpo docente e dizia que, para ele, aquilo parecia bem. O indicador preliminar que criamos mostrará ao avaliador que, mesmo que ele considere que o corpo docente seja bom, aquele curso, na comparação com os demais, está frágil. Não vai mais acontecer, ou ao menos isso será bastante minimizado, de um curso que recebeu conceito 1 passar para 5", disse.
O deputado federal Paulo Renato Souza (PSDB-SP), ministro da Educação durante o governo FHC, foi procurado para comentar essas declarações, mas está fora do país.
O CPC (Conceito Preliminar de Curso) é calculado a partir do desempenho dos estudantes no exame, no índice que mede o conhecimento agregado pela instituição aos universitários, além de qualificação do corpo docente e infra-estrutura.
Na semana passada, Reynaldo Fernandes, presidente do Inep (instituto de pesquisa ligado ao MEC), afirmou que há uma tendência dos avaliadores de melhorarem a nota das instituições. Com a criação do novo indicador, ele afirma que o avaliador agora terá parâmetros.
Haddad repetiu esse ponto-de-vista em sua argumentação. "A visita in loco agora está orientada, bem informada, o que não acontecia no passado. Por isso que a festa era grande."
O ministro rebateu as críticas de associações de instituições de ensino, contrárias ao novo índice. "Como agora nem todo mundo vai ser aprovado pelo Inep, é óbvio que a inquietação de alguns vai ser grande", disse.
"O conceito vai prejudicar a imagem das [instituições] ruins. Só se preocupa quem não faz um bom trabalho."


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