São Paulo, sexta, 7 de agosto de 1998

Próximo Texto | Índice

MANÍACO DO PARQUE
Duas mulheres foram espontaneamente ao DHPP e afirmaram que Pereira é o homem que as atacou
Suposta vítima relata agressão no parque

Caio Esteves/Folha Imagem
A caixa de supermercado Sandra Aparecida de Oliveira, 19, chega ao DHPP; ela afirma que o motoboy a atacou em novembro do ano passado


GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

Duas supostas vítimas, de 19 anos, disseram ontem ter reconhecido, pela TV e por fotos, o motoboy Francisco de Assis Pereira, 30, como o homem que as agrediu no parque do Estado. Uma delas diz ter sido violentada.
As duas têm o mesmo tipo físico e foram espontaneamente ao DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), onde o motoboy está preso. Ele está sendo acusado pela polícia de ser o maníaco do parque, que teria violentado e assassinado pelo menos oito mulheres.
As garotas afirmaram que decidiram procurar a polícia porque ficaram "indignadas" com o fato de Pereira ter se declarado inocente. O depoimento das duas coincide com a forma de agir do maníaco do parque do Estado, divulgada pela polícia.
Uma foi identificada como Marina P.J. e não tinha se apresentado ainda para depor. Ela disse que foi espancada e mordida por Pereira, mas não foi violentada. Segundo ela, as agressões aconteceram em 23 de março. Marina afirmou que foi abordada no metrô Saúde e recebeu proposta para fotografar. Depois de ser agredida, conseguiu escapar do parque apenas de calcinha e sutiã.
A outra garota é a caixa de supermercado Sandra Aparecida de Oliveira, que prestou depoimento na polícia há duas semanas. Ontem, Sandra disse ter visto 15 fotografias de Pereira e se dispôs a fazer o reconhecimento pessoal.
"Tenho certeza absoluta que é o mesmo. Não tenho dúvida nenhuma. Reconheci até os patins que ele usava", afirmou Santra. Ela contou que foi abordada por Pereira no dia 9 de novembro do ano passado, quando andava pelo parque Ibirapuera.
Segundo Sandra, o motoboy se identificou como funcionário de uma empresa de cosméticos e lhe ofereceu R$ 700 para tirar fotografias.
A caixa disse que precisava do dinheiro e aceitou acompanhar Pereira. Segundo ela, os dois foram de moto. Na rodovia dos Imigrantes, o motoboy teria dito que os dois deveriam passar pelo parque do Estado "para cortar caminho".
"No parque Ibirapuera, ele era um docinho, como vocês viram na televisão. No parque do Estado, ele virou um monstro", contou Sandra. Ela afirmou que, assim que entraram na mata, Pereira lhe aplicou uma "gravata" no pescoço, a derrubou no chão.
Sandra disse que o motoboy a ameaçou de morte e lhe propôs uma espécie de caçada . "Ele me deu primeiro cinco minutos de vantagem para correr. Depois baixou para dois minutos e falou que conhecia a mata inteira. Por isso não aceitei", afirmou.
A caixa também disse que Pereira confessou ser um psicopata e que havia assassinado várias mulheres. "Ele me mandou calar a boca e disse que era um psicopata e não um bandidinho qualquer", contou. "Apontou para a mata e disse: já matei várias mulheres. Tá tudo enterrado por aqui".
No primeiro depoimento, ela disse que o motoboy a obrigou a praticar sexo anal e oral. Sandra contou que Pereira tentou enforcá-la. "Quando eu já estava desfalecendo ele parou e disse: tá vendo como eu posso te matar fácil".
Depois das agressões, Sandra afirmou que foi amarrada em uma árvore com as alças da sua bolsa e conseguiu se soltar. Ela garantiu que só não procurou a polícia porque estava com medo. A Polícia Civil confirmou que chegou até a caixa por meio de documentos jogados no parque do Estado.
"Só estou aqui para dar coletiva porque ele (Pereira) deu entrevista e a maioria dos repórteres acreditou nele. Se ele tem direito de ir a rede nacional, eu também tenho porque sou a vítima".
Tanto Sandra quando Marina prestaram depoimento ontem. A caixa disse que se sentiu aliviada com a prisão do motoboy



Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.